Em depoimento prestado na quinta-feira (26) na sede da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Susana Neves Cabral disse que recebia de R$ 5 mil a R$ 20 mil por mês de seu ex-marido Sérgio Cabral como uma espécie de pensão informal pelos três filhos que tem com o ex-governador do Rio. O pagamento, segundo ela, era feito por Carlos Bezerra, apontado como um dos integrantes do esquema liderado por Cabral que desviou R$ 340 milhões.
Nas planilhas obtidas pelo MPF sobre os gastos de Cabral, há registros de uma pessoa chamada “Susi”. A ex-mulher de Cabral, porém, disse desconhecer quem seria a beneficiária destes pagamentos. A Polícia suspeita que a própria Susana seja esta pessoa.
No período compreendido entre 2014 a 2016, a ex-mulher de Cabral recebeu, ao menos, 13 vezes valores transferidos por Carlos Bezerra e Carlos Miranda, oriundo de recursos ilícitos, totalizando R$ 883 mil. No entanto, o valor pode ser ainda maior, segundo a investigação, já que há outros nomes que poderiam se referir a ela. O dinheiro, segundo ela, seria entregue em espécie para custear despesas de casa. Susana afirmou ainda Carlos Bezerra é padrinho de um dos filhos dela com o Cabral.
Susana admitiu ainda que trabalha com Jorge Picciani (PMDB), um dos principais caciques do partido no Estado. Na quinta, ela foi conduzida coercitivamente para prestar depoimento como parte da Operação Eficiência. De acordo com o advogado de defesa de Suzana, Sérgio Riera, ela não sabia a origem do dinheiro. “Eles poderiam tê-la intimado. Ela viria responder as perguntas sem problemas. Não precisava dessa violência.”, disse Riera. Na decisão, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio, diz que Susana é a pessoa que “seria direta e constantemente beneficiada com vultosas transferências de valores, ao que parece obtidos pela atuação ilícita da Organização Criminosa (ORCRIM) descrita”, descreve o magistrado. (site G1)