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Vale Mais Ser Amado ou Temido?

O artigo “Vale Mais Ser Amado ou Temido?” é de autoria do ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Reginaldo Oscar de Castro:

“Não se aparte do bem, mas, havendo necessidade, saiba valer-se do mal.” É a lição de Maquiavel para os governantes. Estes, na defesa do interesse público devem evitar qualquer ameaça a seus auxiliares. A obediência é irmã siamesa da confiança. Na sua falta, não sobrevive a primeira. Afastar o servidor é dever do governante para a preservação do interesse público. Quem nomeia não pode ameçar, pois, aquele que cumpre seu dever sob ameaça é pior do que o desobediente. Leia O Príncipe presidente. Veja o que ensina o mestre italiano:

Vale Mais Ser Amado ou Temido?
Vale mais ser amado ou temido (na chefia)? O ideal é ser as duas coisas, mas como é difícil reunir as duas coisas, é muito mais seguro – quando uma delas tiver que faltar – ser temido do que amado. Porque, dos homens em geral, se pode dizer o seguinte: que são ingratos, volúveis, fingidos e dissimulados, fugidios ao perigo, ávidos do ganho. E enquanto lhes fazeis bem, são todos vossos e oferecem-vos a família, os bens pessoais, a vida, os descendentes, desde que a necessidade esteja bem longe. Mas quando ela se avizinha, contra vós se revoltam. E aquele príncipe que tiver confiado naquelas promessas, como fundamento do ser poder, encontrando-se desprovido de outras precauções, está perdido. É que as amizades que se adquirem através das riquezas, e não com grandeza e nobreza de carácter, compram-se, mas não se pode contar com elas nos momentos de adversidade. Os homens sentem menos inibição em ofender alguém que se faça amar do que outro que se faça temer, porque a amizade implica um vínculo de obrigações, o qual, devido à maldade dos homens, em qualquer altura se rompe, conforme as conveniências. O temor, por seu turno, implica o medo de uma punição, que nunca mais se extingue. No entanto, o príncipe deve fazer-se temer, de modo que, senão conseguir
obter a estima, também não concite o ódio.

Nicolo Maquiavel, in ‘O Príncipe’