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Pai de Fagner era cantor no Líbano

Poucos sabem mas o cantor e compositor Raimundo Fagner Cândido Lopes, mais conhecido apenas como Fagner, nascido em Orós, no estado do Ceará, é descendente de libaneses. O seu pai, José Fares, foi cantor na sua cidade natal de “Ain Ebel”, no sul do Líbano. No ano passado, quando completou 70 anos, o Chefe da Missão Diplomática convidou Fagner a fazer uma apresentação no Líbano este ano. Fagner esteve na sede do Consulado Geral do Libano, em Botafogo (RJ) e recebeu das mãos do Cônsul Geral, Alejandro Bitar, uma Medalha de Honra, em homenagem aos 70 anos do cantor.
Escrito pela jornalista Regina Echeverria, o livro “Quem Me Levará Sou Eu” (editora Agir, 440 páginas), sobre a vida de Fagner começa com um fato desconhecido por muitos: a de que, há 14 anos, Fagner virou pai. Sim, o solteirão mais convicto da MPB descobriu em agosto de 2006, aos 57 anos, que o advogado trabalhista Bruno, então com 32 anos, e que ele conhecia desde criança, era seu filho biológico.

A revelação, comprovada anos mais tarde por um teste de DNA, não foi de todo surpresa, já que a semelhança entre os dois sempre gerou a dúvida e rumores. “Foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida”, sentencia Fagner, sobre ganhar uma família, com direito a netos e tudo, já naquela idade. É aos netos, Arthur e Clara, e à irmã, Marta Lopes, que ele dedica a biografia, lançada em abril.

A autora ressalta a facilidade que teve em acessar documentos, fotografias, entrevistas e reportagens de Fagner durante a pesquisa, devido ao trabalho feito por Marta, irmã de Fagner, que é bibliotecária. A autora do livro “não sabia dessa história, e achei muito importante porque mudou a vida dele totalmente. Imagine você viver tantos anos sem ter certeza de que uma pessoa é seu filho, e quando confirma isso ainda vêm dois netos?”, disse.

Aos seis anos Fágner ganhou um concurso infantil na rádio local, cantando uma canção em homenagem ao dia das mães. Na adolescência, formou grupos musicais vocais e instrumentais e começou a compor suas próprias músicas. Venceu em 1968 o IV Festival de Música Popular do Ceará com a música “Nada Sou”, parceria sua com Marcus Francisco. Tornou-se popular no estado em 1969, após comparecer em programas televisivos de auditório na TV Ceará, e juntou-se a outros compositores cearenses como Belchior, Jorge Mello, Rodger Rogério, Ednardo e Ricardo Bezerra, o grupo ficou conhecido como “o pessoal do Ceará”.

Ainda no ano de 1969, após ganhar o ‘I Festival de Música Popular do Ceará – Aqui no Canto’, Fagner saiu em excursão junto com o grupo de música e teatro do Capela Cistina, foram para Buenos Aires de ônibus, a viagem durou 45 dias de estrada. A carreira nacional de Fagner começou de forma bastante imprevisível. Mudou-se para Brasília em 1970 para estudar arquitetura na Universidade de Brasília (UnB), participou do Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília com “Mucuripe” (parceria com Belchior), e classificou-se em primeiro lugar.

No mesmo festival, recebeu menção honrosa e prêmio de melhor intérprete com “Cavalo Ferro” (parceria com Ricardo Bezerra) e sexto lugar com a música “Manera Fru Fru, Manera” (também com Ricardo Bezerra). A partir de então, Fagner conseguiu despertar a atenção da imprensa do Sudeste, sendo suas canções intensamente executadas em bares.