Direito Global
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Francisco Horta e a bossa nova

Recebi do meu amigo Sergio Leo, jornalista de primeira linha em Brasília: “Essa é pros brasilienses e para torcedores do Fluminense. A conexão entre o ex-presidente desse clube, o juiz aposentado do Tribunal de Justiça e advogado Francisco (Chiquinho) Horta e o fundador da rede Sarah, Aloysio Campos da Paz passa por João Gilberto e outras estrelas da Bossa Nova. O Joao Vicente Costa, morador de Brasília, é quem, segundo Sergio Leo, foi quem descobriu essa história.

Segue a mensagem que recebi do Vicente Costa:

Oi, Tamanini.. A historia que contei foi essa:

Tava eu, por acaso, lendo sobre futebol.. e apareceu a história do Francisco Horta, lendário ex presidente do Fluminense. A matéria que eu lia, comentava que ele era também músico. Estudou cello no Conservatório Nacional de Música. Tocava, além de cello, violão, piano e bateria.

Pois bem, como baterista, muito jovem no Rio, montou uma banda com colegas do Conservatório (a banda Chiquinho e Seu Ritmo) que contava com Luis Eça no piano, Lincoln no baixo, Sylvinha Telles e João Gilberto (o único do grupo que não era da escola) e nos pistons: Fernando Gebara e um tal Aloysio Campos da Paz.

Estranhei. Fui pesquisar se o Dr Aloysio, da rede Sarah, seria músico, mas não encontrei absolutamente nada sobre atuação profissional dele, mas, descobri que ele tocava PISTON em encontros na casa do arquiteto Lelé (arquiteto do Hospital Sarah e que tocava piano).

Pesquisando a idade, vi que tanto o Dr. Aloysio como Francisco Horta e Sylvia Telles nasceram no mesmo ano (1934) e Luis Eça em 1936.. ou seja, contemporâneos.

Alguém sabe dessa grupo com João Gilberto, Luisinho Eça, Sylvia Telles, Francisco Horta e o Dr. Aloysio??? Que coisa mais inusitada! Ou será um homônimo do Aloysio Campos da Paz?

Seria muita coincidência.

Do blog do Letacio Jansen:

Mas o meu papel de divulgador da música brasileira decorreu, mesmo, de uma paixão juvenil pela Yedda Maria Brito de Oliveira Sampaio, uma morena encantadora que conheci aos quinze anos de idade, que, por sua vez, para minha frustração,era apaixonada pelo Milanês. Ela aprendia violão com uma professora muito popular no Rio, que exibia as meninas num festival na Igreja N. S. da Paz,em Ipanema, a um dos quais eu compareci , ao lado do Fernando Gebara. Uma das músicas que Yedda tocava era o Iarupuru, que tinha uma baixaria linda, em tom menor: “Certa vez de montaria, eu descia o Paraná, e o caboclo que remava, não parava de falar, ah ah não parava de falar, ah ah que caboclo falador.”Foi uma das músicas que eu mais toquei desde então, quando me exibia ao violão.

O grande músico da nossa turma era, sem dúvida, o Fernando Gebara, que tinha aprendido violino e depois passou para o violão e para o cavaquinho. Ele era um professor extremamente paciente, que tentava me ensinar tudo o que sabia.Reuníamo-nos na casa dele, na rua Miguel Lemos, onde nasceu o conjunto Chiquinho e seu Ritmo, que marcou época no Colégio Mello e Souza. O Chiquinho, líder da banda, era o Francisco Cavalcanti da Cunha Horta, depois juiz de Direito e presidente do Fluminense, sobrinho do Flávio Cavalcanti. A banda Chiquinho e seu Ritmo tocou no colégio, e fez muitos bailes no clube dos Caiçaras. Apresentamo-nos, também, num programa da Rádio Nacional, chamado “Papel Carbono.

A nossa apresentação foi um sucesso, com o Gebara solando o Delicado, do Waldir Azevedo, no cavaquinho, acompanhado por mim no violão, pelo Chico, na bateria, e o Thomas no pandeiro. O bolero “Perfídia” foi o bis, e nele o Aloysio tocou piston. Mas o Renato Murce não gostou da voz muito rouca e escura do Diaci, criticando-nos de público, o que muito o traumatizou o nosso crooner, pois a família dele estava reunida ouvindo o programa no Ceará, o que o levou a nunca mais cantar. Mais tarde, por meu intermédio, que tinha conhecido o Ari Barroso na casa da Marly Castilhos,comparecemos ao seu programa de calouros na televisão por duas vezes. O conjunto Chiquinho e seu ritmo era muito bom, especialmente pela qualidade dos pianistas,primeiro a Silvinha Fang, depois substituída pelo Luizinho Eça.

Compus várias músicas para a Yedda, em parceria com o Gebara. A primeira delas chamava-se Itaipava, em homenagem à cidade serrana onde ela passava as férias: “ Itaipava, lá deixei meu coração, terra tão boa, como tu não há oh não. E nas noites de luar, em tocava violão, com a lua a escutar, a minha triste canção. “ Mas a melhor música que eu fiz foi, na verdade, para a Vânia Rocha Assis, e se chama “Humilhação”, que diz assim: “Eu por mim quero voltar, mas, o orgulho não permite não, os amigos o que vão dizer, é humilhação; eu , não quero confessar, que, sou louco por você, longe, permaneço, mas de você não me esqueço, meu amor” .

Minha irmã gostava de música americana. Ela e o Alfredinho de Paula, nosso vizinho dos fundos, eram muito amigos. Freqüentávamos as reuniões de jam session da casa dele, onde tocavam o Armandinho Maia, grande baterista, o Dinarte, guitarrista, o Marcos Spilman, no saxofone, e até o Cyl Farney, irmão do Dick Farney. O Alfredo tocava muito bem piston, melhor do que o meu maior amigo do colégio, o Aloysio Campos da Paz, embora este fosse, sem dúvida, mais musical do que o Luiz Garcia e o Carlos Luiz Perez, nossos colegas de turma, a quem tentamos, inutilmente, ensinar saxofone.

O Rio de Janeiro acalentou-me, desde cedo, com muita música, durante a vida inteira. Basta lembrar que assisti ao Pixinguinha tocando, ao lado de Benedito Lacerda, numa espécie de coreto que o leiloeiro Afonso Nunes armava no quintal da sua casa em Jacarepaguá em festas de São João que dava em homenagem à família forense carioca. Mais tarde, adolescente, ficava horas a fio ao lado das orquestras dos maestros Severino Araújo, Carioca e Spilmann , ouvindo as suas exibições nos bailes de fim de ano nos salões da Associação dos Empregados do Comércio. Fui saudavelmente impregnado de sensações musicais que sintetizei e me incumbi de divulgar. Isso tudo forjou, em grande parte, a minha personalidade.

O fato de termos sido a capital da República atraía para o Rio os mais diferentes artistas. O João Gilberto, por exemplo, que era primo do meu amigo Newton Viana de Albuquerque, ensinou-nos, pessoalmente, a mim e ao Gebara, em reuniões que fazíamos na frente da casa do dr. Gastão Lobão, na rua Hilário de Gouveia, em Copacabana, a sua batida absolutamente original no violão, que iria dar nascimento, pouco depois, ao ritmo da bossa nova, que revolucionou a música popular brasileira ( cuja evolução, infelizmente, eu não consegui acompanhar, o que me tornou com o tempo tão saudosista que acabei arquivando o violão)

Desfilamos na Portela durante vários anos com a Silvinha e o Carlinhos Monte, pais da Marisa, cuja bisavó, d. Elza Bastos Neto, filha do dr. Miguel Couto, era dona de Perinas, em Cabo Frio, também freqüentada pelo Billy Blanco. O fato de termos sido passistas da Portela nos granjeou a admiração dos filhos do Pepê da Maria Eunice, Thiago, Margarida e Carolina, que passavam as férias conosco em Terezópolis, e hoje comandam o Carioca da Gema, da Lapa, que reconta, ao vivo, diariamente, para as gerações futuras, um pouco dessa história da música no Rio de Janeiro.

Ser Leo

Era ele mesmo. Bingo: “Crescíamos juntos
passando de ano em ano. Anos 50, um cinema em
Copacabana. Um menino de 16 anos. Um filme
sobre a vida de um trompetista. Como fundo para
as atuações de Kirk Douglas, Lauren Bacall, Doris
Day e Hoagy Carmichael (Autor de Stardust),
extraordinários solos de trompete por Harry
James. O filme: Young man with a horn!. O garoto,
eu. Saindo do cinema, pedi dinheiro ao meu pai, fui
direto a uma loja de instrumentos e comprei um
trompete para estudantes. Tanto infernizei os
ouvidos dos de casa, que minha mãe me fez
devolver o instrumento. Tristeza..
.. Meu pai vê
numa loja do centro do Rio um trompete Selmer,
topo de linha, igual ao que Harry James tocava!
Custou um mês de salário! Começo a infernizar
todos em volta e, aos poucos, vai saindo alguma
música. Conheço Luizinho Eça, que era do Colégio
Mallet Soares, perto do Mello e Sousa e com
outros, formamos um conjunto. Chegamos a tocar
em festas e bailes no fluminense. Luizinho, Marcos
Spilman, Francisco Horta, Fernando Gebara e
outros. Sucesso entre as moças (afinal,
trompetistas dão sorte). Chiquinho Horta, que
tocava bateria na banda, resolve criar um time de
futebol: o Nacional. Jogávamos nas areias da
Lagoa Rodrigo de Freitas contra outros times
locais. Vocês podem não acreditar, mas naquele
tempo a Lagoa tinha praia. Eu era goleiro. Depois
dos jogos pegava a bicicleta e ia para a turma que
se reunia para jogar vôlei e conversar na Praia do
Arpoador, naquele tempo, deserta, e com muito
poucas casas. Depois, à tarde, íamos para a casa
de Roberto e Elza Goulart em Copacabana
conversar e dançar (vários namoros e até
casamento saíram daí). Meu pai tinha me dado
uma bicicleta inglesa Harley-Davidson e eu ia para
todo lado. “https://docplayer.com.br/8200462-
Percorrendo-memorias.html