Há 17 anos, em uma manhã do dia 12 de fevereiro, a missionária Dorothy Stang, aos 73 anos, era brutalmente assassinada, no município de Anapu, no Pará. Irmã Doti, como era conhecida, foi assassinada por dois pistoleiros e seu corpo atravessado por seis tiros enquanto caminhava por uma estrada de terra do PDS Esperança, Projeto de Desenvolvimento Sustentável que ela criou para assentar famílias pobres da Transamazônica.
De acordo com o Ministério Público do Pará, a morte da missionária foi encomendada pelos fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão. No total cinco pessoas foram envolvidas e julgadas pelo assassinato. Amair Feijoli da Cunha, o Tato, foi intermediário do crime. Rayfran das Neves Sales e o comparsa, Clodoaldo Carlos Batista, foram os executores de Dorothy. Taradão é o único que ainda cumpre pena em regime fechado. Ele foi preso 14 anos após o assassinato.
O fazendeiro Vitalmiro de Moura foi condenado a 30 anos como segundo mandante do crime. Amair foi condenado a 17 anos e Clodoaldo a 18 anos de prisão. Rayfran, autor dos seis disparos contra irmã Doti, foi condenado a 7 anos de prisão. Todos chegaram a cumprir pena, mas tiveram direito à progressão e ganharam a liberdade do regime fechado, gerando um clima de impunidade até os dias atuais em Anapu.
A missionária norte-americana da Ordem das Irmãs de Notre Dame de Namur, nascida em Dayton, Ohio, chegou ao Brasil em 1966 e batalhava por um modelo de assentamento que incomodava os grandes detentores de terras e grileiros. Pioneira no conceito de sustentabilidade na Amazônia, ela criou os Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS), que tinham como objetivo a garantia de renda para famílias pobres, desde que elas preservassem a floresta. As primeiras ameaças começaram a surgir no ano de 2000 e proteção policial foi sugerida a ela, que recusou, a não ser que a segurança fosse uma garantia para todos. O que não era o caso.