Amanhã, dia 9 de junho, é conhecido como o Dia da imunização e tem como objetivo sensibilizar a população para o fato de que as vacinas podem salvar vidas. A criação desta data também pretende orientar as pessoas para o acompanhamento do calendário nacional de vacinações.
Todos os dias somos impactados por notícias de doenças sérias imunopreveníveis que estão voltando a circular globalmente. Só nos primeiros dois meses de 2022, o número de casos de sarampo relatados em todo o mundo aumentou 79%, em comparação ao mesmo período do ano passado. 1 No fim de 2021, casos de influenza se espalharam pelo país. 2 Outra preocupação é o risco de retorno da poliomielite, mais conhecida como paralisia infantil. Para especialistas, o principal motivo para o ressurgimento e o aumento de casos dessas doenças é a queda nas coberturas vacinais.
“Essas notícias preocupam e acendem um enorme alerta. O Brasil foi certificado pela Organização Mundial da Saúde como livre da poliomielite em 1994. Em 2016, o Brasil teve o certificado da Organização Pan-americana da Saúde como país livre do sarampo. E, agora, nos últimos anos, estamos acompanhando o ressurgimento dessas doenças que estavam controladas e um dos principais motivos é a baixa cobertura vacinal”, afirma Emersom Mesquita, infectologista e gerente médico de vacinas da GSK, que complementa:
“A pandemia de Covid-19 trouxe uma luz para a importância da vacinação para o controle de doenças infecciosas, mas as outras vacinas de rotina acabaram sendo esquecidas. Estamos, atualmente, com campanha de vacinação contra a gripe para grupos prioritários acontecendo em todo o país. Precisamos também lembrar a importância de mantermos altas as coberturas vacinais para as outras doenças contra as quais já dispomos de vacinas, como meningite, coqueluche, sarampo e pneumonia, por exemplo”.
Nos últimos anos, especialmente durante a pandemia, o Brasil tem registrado uma preocupante queda na cobertura vacinal da população. 8 Dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) apontam que, em 2021, nenhuma das vacinas ofertadas ultrapassou os 75% do público-alvo imunizado. Esses índices estão muito abaixo da meta de 90% ou 95% de cobertura estabelecida pelo Ministério da Saúde, dependendo da vacina.
Muitas pessoas acreditam, de maneira equivocada, que vacina é coisa de criança e que não precisam mais se vacinar na vida adulta. Mas, para cada fase da vida – seja bebê, criança, adolescente, adulto ou idoso -, existem diversos imunizantes recomendados. O Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente vacinas que protegem contra mais de 40 doenças para todos os públicos, desde recém-nascidos até a terceira idade. 6 Na rede privada também estão disponíveis vacinas para a imunização de todas as faixas etárias, complementando o calendário vacinal do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
“É comum associarmos a vacinação apenas a bebês e crianças. Porém, é preciso lembrar que existe recomendação de vacinação para todas as fases da vida. Além disso, existem recomendações específicas para alguns grupos como gestantes, indígenas, viajantes e indivíduos portadores de quadros clínicos especiais”, frisa o Emersom Mesquita, destacando a importância de manter o calendário vacinal atualizado, ao longo de toda a vida, para garantir os máximos benefícios individuais e coletivos da vacinação.
Para o médico, as vacinas combinadas são grandes aliadas na atualização da caderneta de vacinação da população. Elas oferecem proteção para mais de uma doença com a aplicação de uma única injeção. “Com as vacinas combinadas, conseguimos reduzir as idas aos postos de saúde, os efeitos adversos e, consequentemente, temos uma melhor aceitação de pais, crianças e vacinadores, favorecendo assim o cumprimento do cronograma vacinal e a alta cobertura”, explica.
O infectologista fala ainda sobre a importância da vacinação contra a meningite meningocócica: “Adolescentes e adultos são os principais carreadores da bactéria que causa a meningite meningocócica, podendo transmiti-la para outras pessoas através da tosse, espirro ou da fala, mesmo sem estarem com sintomas da doença. Por isso, é importante a prevenção de todos”.
A vacinação contra a meningite faz parte do calendário de rotina de crianças e adolescentes, lembra Mesquita. “Atualmente, existem vacinas para a prevenção dos cinco sorogrupos mais comuns no Brasil: A, B, C, W e Y. Os esquemas vacinais e doses de reforço variam de acordo com a idade e histórico vacinal, conforme as recomendações das sociedades brasileiras.” Além da vacinação, outras formas de prevenção contra a meningite incluem manter hábitos de higiene, como lavar bem e com frequência as mãos com água e sabão, e cobrir a boca e o nariz com lenço descartável ao tossir ou espirrar.
À medida que os indivíduos envelhecem, seu sistema imunológico sofre alterações contínuas, e essas alterações imunológicas associadas ao envelhecimento, chamadas também de imunossenescência, contribuem para um aumento no risco de infecções e de evolução para formas graves de doenças. Como resultado desse declínio imunológico, os idosos são mais suscetíveis a diversas doenças infecciosas imunopreveníveis. Um exemplo é que quase 75% das mortes por gripe ocorrem em adultos com mais de 65 anos. Além disso, indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) apresentam um risco duas vezes maior de contrair coqueluche.
Mas a boa notícia é que existem recomendações para vacinação de adultos e idosos para prevenção destas e de outras doenças como doença pneumocócica, coqueluche, herpes zoster, entre outras. Para os indivíduos portadores de condições especiais, o Ministério da Saúde possui um calendário de imunização específico, disponível no manual dos Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). A recomendação vacinal leva em conta, entre outros fatores, a idade e o histórico vacinal de cada indivíduo.
Além disso, é importante consultar um profissional de saúde para assegurar que o calendário vacinal está em dia.