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Uma presença ilustre na sessão do STJ

Os ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiram antecipar um dos processos na pauta da sessão desta semana em razão de uma presença ilustre na corte. O advogado Felipe Cavallazzi levou o filho, um bebê de 1 ano e dez meses de idade, para uma sessão.

Percebendo a presença da criança, o presidente da turma, ministro Mauro Campbell, solicitou aos demais colegas que o julgamento do caso acompanhado por Felipe fosse antecipado. Os demais colegas concordaram imediatamente com a sugestão.

“Senhora ministra, senhores ministros, eu vou invocar o Estatuto da Criança e do Adolescente e também a Constituição, porque esta turma está sendo honrada pela presença do Lorenzo, muito bem-comportado, que já se agasalhou por causa do frio.”

O ministro Herman Benjamin destacou que o garoto estava atento à audiência, e percebeu quando o nome dele foi dito durante a sessão. O pai de Lorenzo estava na sede do STJ, enquanto alguns ministros estavam participando por videoconferência. “Observo que o Lorenzo, na hora que o nome dele foi citado, olhou para o pai. Está atento”, ressaltou o magistrado.

O bebê ficou em silêncio e comportado durante toda a sessão, o que foi alvo de elogios pelos magistrados.

Controvérsia

A situação presenciada na quinta-feira está bem distante das ações antigas do STJ. Em 2013, quando o ministro Joaquim Barbosa presidiu o Tribunal, uma advogada gestante solicitou preferência para realizar a sustentação oral, que é o momento em que o advogado fala para defender seu ponto de vista em relação à causa.

Daniela Teixeira estava grávida de 29 semanas e teve o pedido negado por Barbosa. A defensora esperou a manhã inteira e parte da tarde para ter seu processo colocado em julgamento. Ao sair da sessão, Daniela foi levada ao hospital com fortes contrações. A filha nasceu prematura e precisou ficar internada 21 dias na unidade de terapia intensiva (UTI).

O estresse pela espera impactou negativamente na gestação. Em 2015, ela se tornou diretora da Seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e realizou um encontro com mais de 400 advogados que resultou na elaboração de um projeto de lei que garante prioridade de sustentação para advogadas gestantes.

A proposta foi aprovada no Congresso, recebeu apoio de advogados de todo o país e alterou o artigo 313 do Código de Processo Civil (CPC) e o Estatuto da Advocacia, criando garantias para as mulheres advogadas. A Lei Júlia Matos entrou em vigor em 2016 e recebeu esse nome em homenagem à filha de Daniela.