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Seis décadas dos tiros do pai de Collor no Senado

Em meio a confusões e agressões no Congresso Nacional, como troca de ofensas, empurrões, socos e até cusparada, o parlamento brasileiro já foi palco de troca de tiros e até mortes, em quase dois séculos de existência.

No dia 4 de dezembro de 1963, o senador Arnon de Mello, pai do ex-presidente dia República Fernando Collor de Mello, atirou contra o também senador Silvestre Péricles. Apesar dos seus 67 anos na época, Silvestre Péricles deitou-se no chão e desviou dos disparos. Um dos tiros acertou o abdome do senador José Kairala, que morreu horas depois no então Hospital Distrital de Brasília (atual Hospital de Base). Tudo teve início devido a uma rixa regional, já que os dois (Collor e Péricles) eram alagoanos. Péricles Silvestre, que era militar, andava armado e jurou Arnon de Mello de morte. O pai de Fernando Collor reagiu às ameaças, e durante um discurso no Senado, atirou contra Péricles Silvestre.

Quatro anos depois, em 8 de junho de 1967, os deputados Nelson Carneiro e Estácio Souto Maior, pai do piloto Nelson Piquet, sacaram suas armas e trocaram tiros na Câmara dos Deputados. A causa da briga foi a presidência da União Interparlamentar, organismo de cooperação internacional entre congressistas. Souto Maior deu um tapa em Nelson, que revidou mais tarde, em frente à agência do Banco do Brasil, no salão inferior da Câmara. Com um revólver calibre 38, Nelson Carneiro baleou Estácio Souto Maior, que mesmo atingido pelo tiro, conseguiu revidar o disparo.

Em 1929, quando a Câmara Federal ainda era sediada no Rio de Janeiro, capital brasileira à época, uma discussão áspera entre os deputados Sousa Filho e Simões Lopes resultou em morte. No dia 26 de dezembro daquele ano, Luís, filho de Simões Lopes, tomou as dores do pai e partiu para a briga com o deputado rival, que portava um punhal. Durante o confronto físico, Simões Lopes, que estava armado, disparou dois tiros contra o Sousa Filho, que morreu no local.

E sabe o que há de comum em todos esses casos? Os envolvidos, nas três ocasiões, foram absolvidos e não responderam criminalmente.

Casos como esses, no entanto, não são exclusividade do Parlamento brasileiro. Na Espanha, no dia 23 de fevereiro de 1981, ocorria a passagem de faixa presidencial. Adolfo Suárez assumiria o lugar de Leopoldo Calvo-Sotelo, desde que contasse com o aval do Parlamento, como previa a Constituição. A sessão ocorria normalmente até que um grupo de policiais comandado pelo tenente-coronel Antonio Tejero entrou no local e se dirigiu armado à tribuna.