O técnico Cuca contratou um escritório de advocacia na Suíça para tentar provar sua inocência no “caso Berna”, de 1987. O treinador vem sendo alvo de protestos por parte de torcedores desde que foi anunciado pelo Corinthians e, nesta terça-feira, o advogado que esteve envolvido no caso disse que a vítima o reconheceu como abusador, desmentindo a versão que Cuca deu em sua apresentação oficial.
Tendo em vista a repercussão negativa de sua chegada, partiu de Cuca a ideia de provar sua inocência de uma vez por todas. O clube teve acesso a documentos e se sente seguro para confiar na palavra do técnico até este momento. Antes de contratar o treinador, o Timão consultou os departamentos jurídico e de compliance, que deram o aval para a chegada do profissional.
A contratação de Cuca pelo Corinthians fez muitos torcedores lembrarem de sua condenação por abuso sexual à vulnerável após episódio que ocorreu em Berna, na Suíça, em 1987. Cuca, na época jogador do Grêmio, foi detido ao lado de Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, também atletas. Todos foram acusados de terem abusado de Sandra Pfäffli, que tinha apenas 13 anos, durante uma excursão do Tricolor Gaúcho na Europa.
Segundo a investigação da polícia local, a menina se dirigiu ao quarto de hotel dos jogadores gremistas com alguns amigos para pedir uma camisa do Grêmio. Os atletas, então, expulsaram os acompanhantes de Sandra e a abusaram sexualmente.
Após cerca de 30 dias presos em Berna, os jogadores foram liberados e retornaram ao Brasil. Depois de dois anos, Cuca, Eduardo e Henrique foram condenados à revelia a 15 meses de prisão por atentado ao pudor com uso de violência, enquanto Fernando foi condenado por estar envolvido no ato de violência. Como o Brasil não extradita seus cidadãos, eles não chegaram a cumprir a pena.
Cuca nega qualquer participação no ato e afirma que não foi reconhecido pela vítima. “Sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro, houve um ato sexual a vulnerável, isso foi a pena que foi dada. A gente ouve um monte de coisa, inverdades, que chegam a ofender. Vou fazer 70 anos daqui a pouco, tenho duas filhas. É um tema que eles nem existiam, já era casado, sou até hoje”, afirmou o técnico em sua apresentação oficial.
“Respeitei e respeito todas as mulheres, nunca encostei meu dedo indevidamente em nenhuma mulher. Tive duas vezes no São Paulo, no Palmeiras, no Santos, nunca foi me questionado isso em uma coletiva. Não é só o Cuca que não falou do tema, naquele tempo as leis eram as mesmas. Se você comete um estupro, você pega uma pena de anos. Meu erro foi não ter me defendido. Não tinha dinheiro e nem sabia do julgamento. Ficamos na averiguação, eu não estava, a vítima não me reconheceu. Se ela disse que eu não estava e juro por Nossa Senhora que não estava, como posso ser condenado pela internet?”, complementou o treinador.