Idealizador da camisa canarinho, uniforme principal da seleção brasileira desde 1953, o gaúcho de Jaguarão Aldyr Garcia Schlee nasceu em 22 de novembro de 1934, vindo a falecer em Pelotas em 15 de novembro de 2018. Schlee foi um escritor, jornalista, tradutor, desenhista e professor universitário brasileiro. Era filho de um imigrante alemão com uma nativa da fronteira Brasil-Uruguai. Suas especialidades eram a criação literária, a literatura uruguaia e gaúcha, a identidade cultural e as relações fronteiriças.
Doutor em Ciências Humanas, publicou vários livros de contos e participou de antologias, de contos e de ensaios. Alguns livros seus foram primeiramente publicados no Uruguai pela editora Banda Oriental. Traduziu a importante obra “Facundo”, do escritor argentino Domingos Sarmiento, fez a edição crítica da obra do escritor pelotense João Simões Lopes Neto, quando estabeleceu a linguagem. Foi planejador gráfico do jornal Última Hora, repórter e redator. Criou o jornal Gazeta Pelotense; ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, foi fundador da Faculdade de Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), de onde foi expulso após o golpe militar de 1964 quando foi preso e respondeu a vários IPMs.
Atuou como professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), por mais de trinta anos onde foi também pró-reitor de Extensão e Cultura. Foi torcedor do Brasil de Pelotas, clube que chegou a ser tema do conto “Empate”, publicado em “Contos de futebol”. Também era simpatizante do Cruzeiro de Porto Alegre, tendo um time de futebol de botão com os escudos do Cruzeiro.
Criou o uniforme verde e amarelo da seleção brasileira de futebol, mais conhecido como Camisa Canarinho. Em 1953, então com 18 anos, desenhando e fazendo caricaturas para jornais de Pelotas, criou o modelo e o inscreveu no concurso que venceu 201 candidatos, promovido pelo jornal carioca Correio da Manhã para a escolha do novo uniforme da seleção, com análise durante o mês de novembro e cujo resultado final foi divulgado somente em 15 de dezembro, pelo próprio Correio da Manhã. Após o concurso, a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) oficializou o uniforme. Como prêmio, Aldyr ganhou o equivalente a vinte mil reais e um estágio no Correio da Manhã, no Rio de Janeiro, onde pode conhecer e conviver com figuras expoentes do jornalismo da época como Nélson Rodrigues, Antônio Callado, Millôr Fernandes e Samuel Wainer.
Recebeu duas vezes o prêmio da Bienal Nestlé de Literatura Brasileira e foi cinco vezes premiado com o Prêmio Açorianos de Literatura. Em novembro de 2009 publicou “Os limites do impossível, os contos gardelianos” pela editora ARdoTEmpo e em 2010, pela mesma editora, o romance “Don Frutos”, ano em que foi também destacado com o Prêmio Fato Literário de 2010.. Viveu em um sítio em Capão do Leão, município vizinho de Pelotas. Teve três filhos, três netos e seu passatempo era o futebol de botão, cujo time “veste” a camiseta do Esporte Clube Cruzeiro de Porto Alegre, com a escalação dos anos 1960 (Pitico, Didi Pedalada…).
Morreu em 15 de novembro de 2018, vítima de câncer aos 83 anos. Pelotas decretou luto oficial, pelo falecimento do jornalista