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Denise Frossard está em Ragusa

A juíza de Direito aposentada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e ex-deputada federal, Denise Frossard está em Ragusa, uma comunidade italiana da região da Sicília, província de Ragusa, com cerca de 68.346 (2001) habitantes. Faz fronteira com Chiaramonte Gulfi, Comiso, Giarratana, Modica, Monterosso Almo, Rosolini (SR), Santa Croce Camerina, Scicli, Vittoria. Segundo a tradição histórica, Ragusa foi fundada no século VII d.C. numa ilha rochosa de nome Laus. Recentemente, em razão de escavações arqueológicas, foram descobertos vários vestígios, nomeadamente uma basílica bizantina do século VIII e troços de muralhas, que indicam que nesse tempo a dimensão da cidade era já considerável.

Entre a comunidade científica é cada vez mais aceite que a cidade já existiria antes de Cristo. Esta teoria grega ganhou força com a descoberta em escavações recentes de numerosos artefatos de origem grega. Além disso, a descoberta de areia natural debaixo da estrada principal da cidade parece contradizer a teoria da ilha de Laus.
Sua época de ouro foi entre os séculos XIII e XVI, quando era uma república independente e um dos principais portos do mar Adriático.

Seus muros, com quase dois quilômetros de extensão e chegando a 25 metros de altura, protegeram a cidade por séculos.
Entre o século XIV e 1808, Ragusa governou-se a si própria como um estado livre. As leis da república eram bastante inovadoras para a época, contemplando, por exemplo a regulamentação do planejamento urbanístico e das quarentenas por razões sanitárias. As instituições públicas da cidade foram igualmente pioneiras:

* O primeiro serviço médico data de 1301;
* A primeira farmácia, ainda em funcionamento, abriu em 1317;
* Um asilo para idosos foi fundado em 1347;
* O primeiro hospital de quarentena (lazareto) foi aberto em 1377;
* A escravatura foi abolida em 1418;
* Foi aberto um orfanato em 1432;
* O sistema de abastecimento de água, com 20 km de comprimento, foi construído em 1436.

A riqueza econômica da república provinha parcialmente da exploração das suas terras, mas devia-se principalmente ao comércio marítimo. Muito Judeus fugiram de Portugal para esta cidade em razão da perseguição naquele país e aqui os judeus obtiveram um estatuto de igualdade com os restantes cidadãos. No fim da Primeira Guerra Mundial em 1918, que precipitou o desmoronamento do Império Austro-Húngaro, a cidade foi integrada no novo Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (a partir de 1929 chamado Reino da Iugoslávia )e o nome oficial da cidade passou a ser Dubrovnik.

No início da Segunda Guerra Mundial, Dubrovnik fazia parte do Estado Independente da Croácia controlado por nazistas. Entre abril de 1941 e 8 de setembro de 1943, a cidade esteve ocupada pelo exército italiano e em seguida pelos alemães.
Em outubro de 1944, os partisans de Josip Broz Tito conquistaram a cidade, que passou a fazer parte da República Socialista da Croácia. Assim que entraram na cidade, os socialistas executaram sem julgamento 78 pessoas! Em 1991 a Croácia e a Eslovénia, até então repúblicas da República Socialista Federativa da Iugoslávia , declaram a sua independência. Em 1 de outubro de 1991, Dubrovnik foi atacada e cercada pelo Exercito Popular Iugoslavo (JNA) durante sete meses. Os bombardeamentos de artilharia mais violentos ocorreram em 6 de dezembro de 1991.

O rico património da cidade foi também muito afetado, pois caíram milhares de obuses sobre as igrejas, palácios e mansões históricas. Um em cada três edifícios da cidade sofreram estragos e uma dezena de casas ficou completamente destruída. Contaram-se mais de 2000 impactos de bala nas paredes e centenas de ruas ficaram com crateras de granadas. Entretanto não foi destruído nenhum pedaço da muralha. “A liberdade não se vende nem por todo o ouro do mundo” é o lema ancestral da cidade e mais uma vez ele foi cumprido.

Os generais do JNA envolvidos no cerco foram processados no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia e alguns condenados, menos Milosevc que morreu antes.