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Teatro João Caetano e a primeira Constituição brasileira

O Teatro João Caetano, o mais antigo da cidade do Rio de Janeiro, vai completar 210 anos. Está localizado na Praça Tiradentes e comporta 1222 pessoas. Inaugurado em 12 de outubro de 1813 por Dom João VI, com o nome de Real Theatro de São João, o teatro foi cenário de importantes acontecimentos históricos do país. Ali assinou-se a primeira Constituição brasileira, outorgada por d. Pedro I em 25 de março de 1824, e conferiu as bases da organização político-institucional do país.

Em 1822 d. Pedro convocou uma assembleia constituinte com a tarefa de elaborar uma Constituição para o Brasil. Instalada em 3 de maio de 1823, a assembleia foi dissolvida pelo imperador em 12 de novembro deste mesmo ano, devido ao descontentamento de d. Pedro com as propostas de limitação de seus poderes e de definição das atribuições do Poder Executivo. A tarefa de elaborar uma constituição para o Brasil foi conferida, então, ao Conselho de Estado, tomando por base o projeto que esteve em discussão na assembleia constituinte que fora dissolvida.

A Constituição de 1824 cumpriu o papel de conferir a modelagem liberal ao Estado que se forjara com a Independência, instituindo princípios norteadores como a separação dos poderes e um Executivo forte e centralizado. Suas determinações refletiam um amplo consenso entre as elites regionais na organização da forma de governo, balizados em torno do sistema político monárquico. Ao longo do período imperial, algumas alterações provocadas pelo Ato Adicional de 1834 e pela Lei de Interpretação do Ato Adicional, de 1840, mostraram que a Constituição pode se adaptar a conjunturas políticas distintas, o que garantiu sua vigência até 1891, com o advento da República.

Ao longo de mais de dois séculos atuaram no Teatro João Caetano artistas consagrados de todo o mundo. Em seu palco estiveram, respectivamente, em 25 de junho de 1885 e em 6 de janeiro de 1886, Eleonora Duse e Sarah Bernhard. Além delas, Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Bibi Ferreira, Fernanda Torres, Marco Nanini, Maria Bethânia, Gal Costa e vários outros ícones brasileiros fizeram temporadas populares no João Caetano.

Em 10 de janeiro de 2009, o teatro foi reinaugurado, com o musical Tom e Vinícius, após passar por reformas. Com recursos da Secretaria de Estado de Cultura, obras de infraestrutura foram realizadas. Além de feita descupinização do prédio, o telhado foi reformado e o palco restaurado. Dois painéis do pintor Di Cavalcanti, os primeiros murais modernistas da América Latina, também receberam nova iluminação e voltaram a ser destaque na decoração da sala. Sua versatilidade para encenar gêneros de espetáculos variados – operetas, tragédias, concertos, comédias, shows e musicais – o torna também um dos mais conhecidos e respeitados espaços cênicos do país.

João Caetano dos Santos foi importante ator e encenador brasileiro. Considerado o “pai do teatro brasileiro”, João Caetano foi o primeiro ator brasileiro a interpretar papéis shakespearianos. Nasceu no dia 27 de janeiro de 1808, Itaboraí, Rio de Janeiro, vindo a falecer no dia 24 de agosto de 1863, no Rio de Janeiro. Começou a carreira como amador, até que em 24 de abril de 1831 estreou como profissional na peça O Carpinteiro da Livônia, mais tarde representada como Pedro, o Grande.

Apenas dois anos depois, em 1833, João Caetano já ocupava o teatro de Niterói junto com um elenco de atores brasileiros. Assim iniciava a Companhia Nacional João Caetano. Em 13 de março de 1838 interpretou o papel principal da tragédia António José, ou o Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães, considerada a primeira peça original do teatro brasileiro.[4][5] No mesmo ano, encenou a primeira comédia brasileira, O Juiz de Paz na Roça, de Martins Pena. O ator também exerceu as funções de empresário e ensaiador. Autodidata da arte dramática, seu gênero favorito era a tragédia, mas chegou a representar papéis cômicos.

Além de atuar em muitas peças, tanto no Rio como nas províncias, João Caetano publicou dois livros sobre a arte de representar: Reflexões Dramáticas, de 1837, e Lições Dramáticas, de 1862.