No dia 18 de abril, a advogada Bárbara Cavallo, 27, não sabia o quanto preencher o formulário sobre sua identidade de gênero seria algo inédito para a Defensoria Pública. Como o documento não tinha um campo para masculino e feminino, a resposta deveria ser escrita por extenso, onde ela preencheu: não-binária. Foi a primeira vez que uma pessoa não-binária tomou posse na defensoria em todo o país. Bárbara se reconhece como uma pessoa não-binária há dois anos.
Bárbara, que nasceu em Bocaina, município de 10 mil habitantes no interior de São Paulo, conta que não sabia o quanto o gesto poderia repercutir internamente na instituição. A defensora escolheu a graduação em direito para se emancipar de um contexto familiar rígido. Em 2017, fez estágio voluntário na Defensoria Pública de São Paulo, em Ribeirão Preto, onde cursou a faculdade. Depois, trabalhou por mais de um ano na área da infância e juventude do órgão.