Direito Global
blog

Sequelas da vacina

Após quase quatro anos de luta judicial, o professor espanhol Pedro García conquistou uma vitória inédita: a Justiça da Espanha reconheceu oficialmente que as sequelas graves sofridas por ele após tomar a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19 configuram um acidente de trabalho.

Vacinado compulsoriamente em 2021 por ser considerado trabalhador essencial, Pedro desenvolveu trombocitopenia trombótica imune, uma reação adversa rara, porém reconhecida oficialmente pela Agência Espanhola de Medicamentos (AEMPS). Sua saúde deteriorou-se rapidamente: precisou passar por internação prolongada, semanas na UTI, e permaneceu um ano e meio afastado das suas funções, convivendo desde então com sequelas irreversíveis.

Agora, em decisão histórica, a justiça espanhola determina que o Instituto Nacional da Seguridade Social e a seguradora Asepeyo sejam responsáveis pela reparação dos danos. A sentença abre precedentes para inúmeros trabalhadores essenciais que passaram pelo mesmo sofrimento em silêncio.

A vitória de Pedro García não é apenas pessoal, mas simboliza a quebra de um tabu judicial e social. Ela coloca sob nova perspectiva a obrigatoriedade vacinal e questiona juridicamente as políticas públicas adotadas durante a pandemia.