Há dez anos o público do Rio de Janeiro – e de vários estados e até do estrangeiro – ficou sem poder frequentar uma das mais importantes casas de show, o Canecão por decisão judicial. A casa de show foi concebida como uma grande cervejaria, daí o nome “Canecão” (aumentativo de uma “caneca grande”), e inaugurado em 1967. Num projeto do então jovem arquiteto José Vasquez Ponte, tornou-se uma das grandes referências nacionais para espetáculos de médio e grande porte.
Vários artistas nacionais e internacionais já se apresentaram no palco do Canecão. Entre alguns dos shows mais memoráveis ocorridos na casa estão os shows de Maysa na temporada Canecão Apresenta Maysa, Chico Buarque na turnê As Cidades, Vinícius de Moraes, Antonio Carlos Jobim, Toquinho e Miúcha em 1977, os de Marisa Monte na turnê Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão, Cazuza na turnê Ideologia e os shows da banda Los Hermanos na turnê Ventura. Também se destacam os shows do mesmo Chico Buarque (na turnê Carioca), e os de Roberto Carlos em 2007. A banda RPM e o grupo cearense Mastruz com Leite também fizeram apresentações marcantes no Canecão.
O cantor de MPB Elymar Santos também fez história ao utilizar o espaço para lançar sua carreira, num ato ousado, onde desembolsou a quantia de 200 mil reais pela locação do espaço. A temporada feita por Maysa em 1969 fez com que o Canecão se tornasse popular entre o meio artístico, logo, a casa de show um dos principais palcos de cidade.
Em 2009, a administração da casa sofreu uma derrota na justiça, que favoreceu a UFRJ, recebendo parte do terreno do Canecão. Em 10 de maio de 2010, a propriedade foi retomada pela UFRJ. Em 17 de maio de 2010, a casa foi reaberta mediante uma liminar judicial que devolveu a posse provisória ao antigo inquilino. Em 17 de outubro de 2010, fechou as portas definitivamente após os antigos dirigentes perderem a batalha judicial que já durava 40 anos. A casa de shows foi reintegrada à universidade.
Em 4 de junho de 2019, o Canecão foi destombado, fruto de apelo da UFRJ à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). O destombamento era necessário frente à necessidade de regularização do uso da área e ao prosseguimento da parceria com o BNDES, o projeto denominado VivaUFRJ, cujo foco é a valorização do patrimônio da universidade.
A UFRJ, com o projeto VivaUFRJ, prevê que o Canecão se transforme em um equipamento cultural multiuso para cerca de 1.500 pessoas. A sugestão apresentada pela Universidade foi concebida por meio de um escopo mais amplo para valorização do seu patrimônio, ao passo de que a universidade reconhece a necessidade de devolver uma casa de arte e cultura à sociedade. A previsão é que o novo equipamento tenha características de uma casa de espetáculo, cujo uso musical, bem como de outros tipos de atividades artísticas, serão garantidos.
O governo do Estado do Rio de Janeiro chegou a demonstrar vontade em estadualizar o local, mas a ideia não prosperou com propostas definidas[15] em meio à grave crise orçamentária fluminense, cujo déficit é superior à cifra de R$ 10 bilhões.