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A maconha e o vinho

Por Jorge Rosa – A maconha já virou remédio, aliás, com excelentes resultados. Agora é o vinho que quer virar alimento. O poderoso e eficientíssimo lobby do vinho está às vésperas de conseguir mais uma vitória, apesar de o vinho ser uma bebida alcoólica como qualquer outra. Sua dosagem alcoólica é bem superior, por exemplo, ao da cerveja.

Entretanto, tramita no Senado o PL 3.594/2023, de autoria do senador Luiz Carlos Heinze (PP/RS), que classifica o vinho como alimento. O PL já foi aprovado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e será votado em caráter terminativo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Aprovado, não precisa ser apreciado pelo Plenário da Casa. Será enviado à Câmara, onde os lobistas já estão de plantão. Se transformado em lei será que nossas crianças poderão tomar vinho?

Eu sou um consumidor contumaz de vinho, mas se for para tomar vinho como alimento prefiro beber suco de uva que não tem álcool. É bom lembrar que o suco de uva também possui o tal do resveratrol, sem os inconvenientes do álcool, como o de ligar para ex, se achar rico, arrumar briga etc depois da terceira garrafa. Será que a lei vai classificar como alimento também aqueles vinhos baratinhos, chilenos e argentinos, especialmente, os RESERVADOS chilenos, que estão à venda nos supermercados? O governo deve alertar a população e exigir que se adicione no rótulo, a seguinte advertência: “Este produto é considerado alimento só para efeitos tributários. Seu consumo em excesso pode fazer mal à saúde. Mantenha fora do alcance das crianças”.

Como alimento o vinho escapa de tributação mais elevada, o chamado “imposto do luxo”. Mas, não se iluda. Esse benefício fiscal não vai reverter em benefício do consumidor. O benefício fical é pra eles, não é pra “nóis”. Infelizmente, a ganância do lobby não tem limites.