PorcMontezuma Cruz, dos varadouros de Porto Velho
A aposentada Euzenir Gomes Felício da Costa, 86 anos, maranhense de Bacabal, é guardiã de um pedaço das memórias despedaçadas da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a mais lendária ferrovia do Planeta no século passado. Durante a 2ª Guerra Mundial, ela teve valor estratégico para o Brasil, operando plenamente para suprir o transporte de borracha, utilizada no esforço de guerra aliado. Em 1957, quando ainda havia um intenso tráfego de passageiros e cargas, a ferrovia integrava as 18 empresas formadoras da Rede Ferroviária Federal.
– Eu escrevia à máquina, usava também a caligrafia, e as outras também – ela conta, lembrando o cotidiano da equipe de datilógrafas da EFMM.
– Era um livro grande de anotações: duas vezes por semana chegavam trens (da região de Guajará-Mirim especialmente) lotados com cargas de pelas (bolas) de borracha e bois engaiolados. O movimento de passageiros era lindo.
Na sala de sua casa no Conjunto Marechal Rondon, em Porto Velho, Euzenir viaja no túnel do tempo para relembrar aquele período do trem ligando a Capital do Território Federal do Guaporé a Guajará, na fronteira brasileira com a Bolívia – 366 quilômetros.