José Alencar era vice-presidente de Lula, em 2003, quando recebeu em seu gabinete no anexo do Palácio do Planalto, numa noite de inverno de Brasilia, o então presidente do TST, Francisco Fausto, seu chefe da Assessoria de Imprensa, Irineu Tamanini e o assessor Antonio Carlos Campos, mais conhecido como Bininho.
Fausto fora convidar o vice à tradicional cerimônia da Medalha do Mérito do Trabalho que aquela Corte promove todo ano em agosto.
Expansivo e informal, Alencar viu no velho e simpático juiz trabalhista potiguar ( hoje ministro aposentado do TST ) o interlocutor ideal para confidenciar boa parte de sua vida de comerciante e industrial, iniciada aos 14 anos na sua Muriaé, Zona da Mata mineira.
Entre xícaras de café da sua terra, entrou também pelo terreno político abordando a bem sucedida aliança entre capital e trabalho que ele, dono da Coteminas, firmara com Lula, o metalúrgico, para chegarem ao poder naquele ano.
“Muitos disseram que era uma aliança contraditória, que não daria certo mas, assim como dizia Deng Xiao Ping, o homem que reformou a China, sempre acreditei que não importa a cor do gato, o que importa é que ele cace o rato”, disse Alencar abrindo largo sorriso.
E terminaria aquela conversa oferecendo aos visitantes um presente tão improvável quanto inusitado. Mandou que o ajudante de ordens entregasse a cada um uma garrafa de cachaça de sua fabricação própria. A famosa aguardente Maria da Cruz, produzida em sua fazenda do mesmo nome, localizada próximo a Montes Claros (MG).
Detalhe: a cachaça vinha cuidadosa e caprichosamente embrulhada num grande envelope pardo – daqueles com o timbre Serviço Público Federal.