Direito Global
Sem a toga

Lula e a OAB

Lula era o presidente da República e o país passava pela crise originada pela denúncia de quebra de sigilo bancário no episódio envolvendo o caseiro Francenildo Costa e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A OAB, por meio do seu então presidente nacional, Roberto Busato, batia forte no governo e no presidente da República. Lula repetidas vezes dissera publicamente na época que “não sabia de nada”.

Certo dia, em plena crise, Busato, acompanhado do ex-presidente nacional da entidade, Reginaldo de Castro e do assessor de imprensa da OAB, Irineu Tamanini, foi ao Palácio do Planalto para audiência com Lula. Ao chegar ao gabinete, Lula cumprimentou os três e disse a Tamanini, a quem conhecia desde a época que assessorava o ministro Sepúlveda Pertence no TSE e no STF: “como está Zé Paulo? ( assim que Lula chama o seu ex-advogado dos tempos do ABC paulista).

O assessor de imprensa proveitou o cumprimento e o abraço de Lula para entrar no gabinete presidencial, para desespero dos segurança e dos assessores de Lula. A conversa foi muito agradável e , como não poderia deixar de ser , o tema foi a denúncia envolvendo Palocci.

Em dado momento – com muita descontração – Lula coloca a mão no joelho direito de Busato e declara com aquela voz inconfundível: “Dr Busato, veja só. Se estão comendo a minha secretária, que fica na sala ao lado , como eu vou saber. Alguém precisa me contar. Caso contrário , não ficarei sabendo de nada. E esse caso do Palocci, ninguém me falou nada. Por isso, tenho declarado repetidas vezes que não sei de nada”.

A conversa continuou animada e descontraída até o seu final. Só terminou porque o ajudante de ordens entrou na sala e disse a Lula que “dona Marisa ligou e disse que está esperando o senhor para o almoço”.