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O desembargador e o candomblé

A resistência das práticas religiosas de matriz africana ganhou força com o lançamento do livro do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto, ‘A proteção legal dos terreiros de candomblé’. A publicação destaca a importância de casas de culto religioso de origem africana. O objetivo, além de preservar a memória, é defender a manutenção, o respeito e o reconhecimento dos terreiros de candomblé.

Depois de quatro anos de pesquisa, o desembargador encontrou dados que chamam a atenção pela desigualdade de tratamento dos terreiros em relação às práticas religiosas impostas pelos colonizadores portugueses e suas dissidências evangélicas. Entre estes dados, um dos mais relevantes é o número de tombamentos: apenas dois terreiros, a Casa Branca, em 1984, e o Ilê Axé Opô Afonjá, em 1999, estão tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O livro do desembargador Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto traz ainda a história de luta dos afrodescendentes, conduzida pela trajetória e história de vida de intelectuais negros, como Manuel Querino, Miguel Santana e Edson Carneiro, entre outros. O candomblé como prática religiosa chegou a Bahia na diáspora dos negros, como é chamada a era da escravidão de pessoas, a maioria trazidas de regiões onde hoje ficam os países Benin e Nigéria, na África.

Ainda hoje, o culto enfrenta a resistência de segmentos da sociedade que apresentam uma maior dificuldade para conviver com as diferenças. O livro tem esta contribuição de tentar ampliar a compreensão entre as pessoas e evitar intolerância.