Se fosse vivo o sindicalista Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, iria completar na próxima sexta-feira (15) 73 anos. Nascido no município acreano de Xapuri, Chico Mendes foi seringueiro, sindicalista e ambientalista. Lutou a favor dos seringueiros da Bacia Amazônica, cuja subsistência dependia da preservação da floresta e das seringueiras nativas. Seu ativismo lhe trouxe reconhecimento internacional, ao mesmo tempo em que provocou a ira dos grandes fazendeiros locais.
Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa. Na época de sua morte, Chico era casado com Ilzamar Mendes, com quem tinha dois filhos, Sandino e Elenira, de dois e quatro anos de idade, respectivamente. Além disso, possuía uma outra filha do primeiro casamento, Ângela, na época com 19 anos. Ilzamar e Elenira criaram a ONG Instituto Chico Mendes com o intuito de desenvolver projetos sócio-ambientais no Acre.
Após o assassinato do líder extrativista mais de trinta entidades — sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas — se reuniram e formaram o Comitê Chico Mendes. O objetivo era, através de articulação nacional e internacional e de pressão aos órgãos estatais, que os autores do crime fossem punidos.
Em dezembro de 1990, a justiça condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e seu filho, Darcy Alves Ferreira a 19 anos de prisão pela morte de Chico Mendes. A principal testemunha do caso foi um empregado de 13 anos da fazenda de Darly, Genésio Ferreira da Silva.
Em fevereiro de 1992, eles conseguiram um novo julgamento através da acusação de que o caso da promotoria tinha sido enviesado. No entanto, a condenação foi mantida e eles permaneceram na cadeia. Darly e Darcy fugiram da cadeia em fevereiro de 1993. Darly foi capturado em junho de 1996 e Darcy em novembro de 1996. Darly escondeu-se num assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no interior do Pará e chegou a obter financiamento público do Banco da Amazônia sob falsa identidade.
O crime de falsidade ideológica rendeu-lhe uma segunda condenação de dois anos e 8 meses de prisão. Darly e Darcy cumpriram, ao todo, menos de dez anos da pena de dezenove.