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Operação Drácon

Um ano e seis meses depois de deflagrada a Operação Drácon, a deputada distrital Liliane Roriz (PTB) prestou seu primeiro depoimento como testemunha de acusação, nesta segunda-feira (19), na 8ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Depois de quase uma hora e meia, saiu acompanhada da sua advogada Daniela Tamanini.

A operação ocorreu depois de os áudios feitos por Liliane sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a troca de emendas parlamentares por propina serem entregues pela deputada ao Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). O depoimento foi fechado. Dentro da sala, puderam ficar apenas os advogados da distrital, dos réus e de testemunhas. Segundo a defensora de Liliane, Daniela Tamanini, o pedido para que a audiência não fosse aberta “é para que a deputada ficasse mais à vontade, por segurança e por uma questão de constrangimento pessoal”. No fim do ano passado, a Justiça adiou depoimento da parlamentar, que estava em São Paulo para tratamento de saúde.

Liliane foi ouvida como testemunha de acusação contra Valério Neves, ex-secretário-geral da Câmara Legislativa; Alexandre Cerqueira, ex-secretário-executivo da Terceira Secretaria da Casa; e Ricardo Cardoso, ex-diretor do Fundo de Saúde. Eles também estiveram no Tribunal de Justiça, mas não puderam entrar na audiência.

Os três são acusados pelo MPDFT de operar o suposto esquema que desviou recursos de emendas parlamentares para beneficiar prestadoras de serviço da Secretaria de Saúde. Em troca, as empresas pagariam propina aos participantes. No entanto, eles negam.

Depoimento de Liliane

Na oitiva feita pelo juiz Osvaldo Tovani, a deputada reafirmou ter sido confundida pelos ex-integrantes da Mesa Diretora na sessão que aprovou o remanejamento da verba para a empresa Intensicare, a qual presta serviços nas unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede pública de saúde. De acordo com a distrital, houve divergência entre a exposição de motivos assinada por ela e o projeto aprovado.

Segundo Liliane, o dinheiro das emendas parlamentares deveria ser destinado ao pagamento de pecúnias de servidores da Saúde e a reformas de escolas públicas, mas foi parar nas mãos da Intensicare, sem o seu aval.

A filha do ex-governador Roriz foi questionada pelo MPDFT sobre o motivo de ter gravado as conversas com a então presidente da Câmara, Celina Leão, e com Valério Neves. “Tinha algo errado. Alguma coisa dentro de mim dizia para eu gravar”, respondeu. Sobre a demora de quase seis meses em apresentar os áudios aos promotores, a parlamentar justificou: “Não queria tomar uma atitude e me arrepender depois. Precisei avaliar os riscos”. Na sequência, foi inquirida se havia relação entre a entrega das gravações e a representação que tramitava na Casa pedindo a cassação do mandato dela. “Não teve nada a ver”, garantiu.