O juiz André Monteiro Gomes, titular da Comarca de Anapu, no Pará, em resposta à representação feita pelo delegado de Polícia Civil, Rubens Matoso Ribeiro, deferiu pedido de busca e apreensão, e prisão preventiva de José Amaro Lopes de Sousa, padre e presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na localidade. O padre é acusado pelos crimes de associação criminosa, ameaça, esbulho possessório, extorsão, assédio sexual, importunação ofensiva ao pudor, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro. O padre José Amaro Lopes de Sousa vai cumprir a prisão cautelar em Altamira.
O magistrado fundamentou a decretação da prisão preventiva por considerar haver provas da existência dos crimes, e indícios suficientes de autoria, trazidos ao processo em forma de provas documentais físicas e eletrônicas, além de vários termos de declarações de testemunhas. André Monteiro Gomes julgou necessária prisão cautelar pela manutenção da ordem pública e conveniência da instrução criminal, pois constatou que existem indícios de que o padre causa temor na população local e tem muita influência na região. “Outrossim, há a gravidade em concreto dos fatos, pois se observa a força persuasiva do Representado em influenciar todo um grupo, induzindo-os ao cometimento de crimes graves, como homicídios, bem como existem indícios do fornecimento de armas”.
O juiz destacou o descontentamento de todos os envolvidos com a violência inerente à questão agrária em Anapu. “Tanto é assim que, na presente operação, fazendeiros, colonos, familiares de vítimas de homicídio, pessoas que participavam de movimentos associativos atrelados a ocupações, por não mais suportar todas as consequências advindas do confronto pela posse de terra, resolveram contribuir com a autoridade policial noticiando os mecanismos que são utilizados”.