O programa “Regra do Jogo”, da rádio Justiça, irá discutir hoje (14), a partir das 17h30, a declaração dada no último sábado pelo treinador do Esporte Clube Bahia, Roger Machado após o jogo contra o Fluminense, no Maracanã, sobre racismo. O programa é apresentado por Leandro Bezerra com edição do jornalista Artur Filho.
No duelo que confrontou os únicos treinadores negros da Série A – ele e Marcão -, Roger falou com clareza e contundência ao ser abordado sobre o fato e elevou o racismo ao tema central de uma análise sociológica, em um gesto raro de se ver no futebol brasileiro. Roger e Marcão usaram durante a partida camisas da campanha do Observatório da Discriminação Racial no Futebol com a frase “Chega de Preconceito” estampada nas costas.
Ao falar da campanha, Roger se estendeu sobre o tema e disse que a grande repercussão do encontro entre os dois únicos treinadores negros do campeonato é, em si, uma prova do preconceito que ainda existe.
“Essa é a prova que existe o preconceito, porque é algo que chama atenção. À medida que a gente tenha mais de 50% da população negra e a proporcionalidade não é igual, a gente tem que refletir e se questionar. Se não é há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que a população carcerária, 70% dela é negra? Por que quem morre são os jovens negros no Brasil? Por que os menores salários, entre negros e brancos, são para os negros? Entre as mulheres negras e brancas, são para as negras? Por que, entre as mulheres, quem mais morre são as mulheres negras? Há diversos tipos de preconceito. Nas conquistas pelas mulheres, por exemplo, hoje nós vemos mulheres no esporte, como você (a repórter que fez a pergunta), mas quantas mulheres negras tem comentando esporte? Nós temos que nos perguntar. Se não há preconceito, qual a resposta? Para mim, nós vivemos um preconceito estrutural, institucionalizado”, opinou.