Há 18 anos, no dia 2 de junho de 2002, o jornalista Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes, foi torturado e assassinado pelo traficante Elias Maluco e seus comparsas nna Vila Cruzeiro, na Penha, no Complexo (conjunto de favelas ) no Morro do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Tim era repórter investigativo e produtor da Rede Globo desde 1996.
Gaúcho de Pelotas, nasceu no dia 18 de novembro de 1950. Tim era o quarto filho de uma família de doze. Quando tinha 8 anos, seus pais se mudaram com a família para o Rio de Janeiro, onde viveram em circunstâncias humildes na favela da Mangueira em uma casa de três cômodos. A Mangueira abriga a escola de samba Mangueira e está localizada em uma colina perto do estádio de futebol do Maracanã.
Tim Lopes cursou a faculdade de jornalismo da Faculdade Hélio Alonso (FACHA) no Rio de Janeiro e durante sua carreira escreveu para os jornais do Rio O Globo, O Dia, e Jornal do Brasil. Como parte de uma peça de investigação em 1978, Lopes trabalhava em um canteiro de obras em subterrâneo do Metrô do Rio, para destacar condições de trabalho difíceis no calor sufocante. Lopes ganhou um prêmio de jornalismo brasileiro chamado Prêmio Abril de Jornalismo em 1985 e 1986 por reportagens envolvendo o futebol na revista esportiva Placar.
Na tarde de 2 de junho de 2002, Tim Lopes deixou seu apartamento em uma zona de classe média do bairro de Copacabana, onde vivia com a mulher Alessandra Wagner e o filho Bruno Quintella, então com 19 anos. Estava a caminho da Vila Cruzeiro porque tipo obtido a informação que uma gangue de traficantes de drogas que controlava a Vila Cruzeiro estava dando um baile funk naquela noite. Lopes foi avisado pelos moradores locais da área que os traficantes estavam promovendo a prostituição infantil no baile na Vila Cruzeiro.
Antes de subir a favela, Tim Lopes foi ao shopping Penha, onde montou uma câmera escondida. Ele estava usando uma micro-câmera escondida dentro de um pequeno pacote em sua cintura. Um dos propósitos deste baile funk era atrair multidões de outros bairros, então a presença de Lopes não o tornaria um alvo em si. No entanto, o relatório “Feirão das Drogas” do ano anterior havia recebido muita atenção e levado a inúmeras detenções. Além disso, depois que Lopes e sua equipe receberam o Prêmio Esso, sua imagem tornou-se posteriormente popular por todo o Rio.
Após uma caçada humana de três meses liderada pela cúpula da segurança do Rio de Janeiro,[4] a polícia lançou no dia 16 de setembro de 2002 a chamada “Operação Sufoco”, cercando o Complexo do Alemão com o objetivo de capturar Elias Maluco. Após 50 horas de cerco policial, foi capturado no dia 19 de setembro na Favela da Grota, não tendo resistido à prisão. É dele a frase, no momento da prisão, “Perdi, chefe. Só não esculacha, não.”, em referência à ânsia da polícia em prendê-lo.
Elias Maluco foi condenado em dezembro de 2002 a 13 anos de prisão pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico de drogas, num processo que envolvia o cantor Belo. Em 10 de novembro de 2003, foi condenado a 18 anos de prisão pela 23ª Vara Criminal do Rio de Janeiro pelos mesmos crimes no âmbito de outro processo, e em 25 de maio de 2005 foi condenado a 28,5 anos de prisão pelo 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver no caso do assassinato de Tim Lopes.
Tim sempre foi conhecido por seu olhar humano e por lutar pelas causas sociais. Sua primeira matéria para o jornal alternativo O Repórter retratava bem isso. A reportagem retratava as precárias condições que os operários da construção do metrô do Rio trabalhavam. Ele sentiu isso na pela. Para produzi-la, trabalhou por um período na construção.
Lopes também era apaixonado por futebol, mais precisamente pelo Club de Regatas Vasco da Gama. Essa paixão pelo esporte o levou até a Revista Placar, emprego no qual foi contemplado com o Prêmio Abril de Jornalismo nos anos de 1985 (com a matéria Tricolor de Coração) e em 1986 (com Amizade sem Limite).
Em sua carreira, ele se destacou pela série de reportagens intitulada ‘Funk: som, alegria e terror’, no qual mostrava como os cidadãos das favelas do Rio eram submetidos ao terror sob as leis dos traficantes. Ele achava que o governo do Rio cedeu o controle de bairros pobre a traficantes violentos.