Um dos hotéis mais luxuosos e charmosos do Rio de Janeiro e atualmente completamente abandonado, o Hotel Glória – tombado pelo Patrimônio Histórico – localizado no bairro da Glória, vai completar 100 anos em 15 de agosto 2022. O Hotel Glória abrigou, ao longo dos anos, 19 presidentes da República. Segundo informações do portal lancamentos-rj.com, especializado no mercado imobiliário de lançamentos, o Hotel Glória foi vendido ao grupo Opportunity , do empresário Daniel Dantas, e será restaurado e retrofitado para transformar-se num luxuoso prédio de apartamentos.
O hotel Gloria foi construído no local do antigo palacete do empreendedor inglês John Russel, o pioneiro dos serviços de saneamento na cidade do Rio de Janeiro, para a realização da Exposição Nacional em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil, em 1922. o Hotel Glória sempre abrigou grandes artistas do cinema, cantores, políticos e chefes de Estado, além de sediar eventos como convenções, congressos e bailes de formaturas. Uma de suas marcas foi o concurso de fantasias de carnaval, que teve 34 edições até o ano de 2008.
Sua construção foi uma iniciativa do empresário Rocha Miranda, por meio da Companhia de Hotéis Palace, para ser o primeiro hotel cinco estrelas do Brasil. Foi inaugurado em 15 de agosto de 1922, em paralelo à Exposição Internacional de 1922, realizada em comemoração ao centenário da independência do Brasil . O projeto do edifício foi de Joseph Gire, o mesmo arquiteto que projetou o Copacabana Palace Hotel, em estilo neoclássico e dotado de teatro, cassino, salões de festas e de jogos, áreas de lazer e 150 quartos. Sua construção foi auxiliada por engenheiros alemães. Foi o primeiro prédio em concreto armado da América do Sul e o primeiro a receber a classificação de cinco estrelas no Brasil.
Em 2008, após 86 anos de atividade e 50 anos como propriedade da família de Eduardo Tapajós, o hotel foi vendido ao empresário Eike Batista por R$ 80 milhões. Na ocasião da compra, o empresário anunciou que pretendia “resgatar o charme dos anos 1920”, transformar o hotel para o padrão “seis estrelas” e colocá-lo “entre os dez melhores hotéis do mundo”.[ Após o início de uma reforma completa, em 2009, houve denúncias a respeito da desfiguração de sua arquitetura original, que não teria sido autorizada pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural.
Em agosto de 2010, o BNDES anunciou um financiamento de R$ 146,5 milhões para a reforma do hotel, dentro da linha “ProCopa Turismo”, visando a Copa do Mundo de 2014. Em 2013, porém, veio a falência do Grupo EBX, de Eike Batista, e as obras foram paralisadas. No início de 2014, Eike Batista vendeu o hotel por cerca de R$ 500 milhões para o fundo suíço Acron AG, que tinha o objetivo de reinaugurar o local para as Olimpíadas de 2016. Porém, as obras não foram reiniciadas, supostamente pelo fato de o empresário não ter providenciado certidões e outros documentos legais necessários para efetivar a compra, e o fundo Acron acabou desistindo do negócio, formalizando o distrato da compra no início de 2016. Logo após desfeito o primeiro negócio, o empresário vendeu novamente o hotel, desta vez para o fundo soberano de Abu Dhabi, o Mubadala.
O abandono das obras em 2013 tem provocado transtornos na região, desvalorizando imóveis e preocupando moradores com o aparecimento de criadouros de mosquitos transmissores de doenças como dengue, zika e chikungunya. Em nota datada de março de 2016, Eike Batista lamentou o transtorno à população carioca e disse acreditar que os novos proprietários estariam empenhados em encontrar uma solução satisfatória.