“Foi, sem dúvida, um dos dias mais chocantes da minha vida.” A afirmação é do ex-presidente do STF e do TSE, ministro aposentado Sepúlveda Pertence, ao comentar a passagem dos 40 anos da explosão da bomba na sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que acabou por vitimar a funcionária da entidade, Lyda Monteiro da Silva. Na ocasião, Pertence era vice-presidente da OAB Nacional e no dia da explosão estava no exercício da Presidência.
Segue o depoimento do ministro Sepúlveda Pertence:
“Foi, sem dúvida, um dos dias mais chocantes da minha vida. Acabara de almoçar com amigos, o presidente do Conselho Federal da OAB, Eduardo Seabra Fagundes, estava fora do Rio de Janeiro e, quando cheguei ao prédio onde funcionava a sede da Ordem dos Advogados do Brasil, na avenida Marechal Câmara, notei que havia um movimento anormal. Custei a acreditar no que me disseram: uma bomba explodira nas mãos de dona Lida, uma antiga funcionária da entidade. Minutos antes, ela havia sido encaminhada para o hospital em estado gravíssimo e veio a falecer. O choque foi incrível na medida não só da dor pessoal mas também o que aquilo significava no momento político então vivido pelo país. Claro, já havia uma e outra bomba mas sem vítimas pessoais. Logo depois veio a notícia de que bombas similares haviam sido postas na Câmara Municipal e na Associação Brasileira de Imprensa-ABI. Não tenho como descrever o que se passou naquele dia de agitação, de temores, de inquietação. Havia apenas uma razão para exigir do governo federal uma ação conclusiva. Éramos uma entidade federal brutalmente atingida. A reunião se seguiu e a indignação se transformou em cobrança. Deste aquele dia se pode dizer que cresceu a autoridade da OAB para a luta pela retomada do processo democrático.”