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Rio de Janeiro tem 1413 favelas

O governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) manifestação em que culpa decisão da Corte —que proibiu operações policiais em favelas durante a pandemia— por suposto aumento de ações da criminalidade em comunidades. Para a polícia do Rio, a decisão do Supremo cria uma “zona de proteção ao crime organizado”.

Para embasar seu posicionamento, o governo fluminense utiliza um relatório de 87 páginas feito pela SSPIO (Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional), da Polícia Civil. “Com o completo domínio de 1413 favelas por cerca de 56.520 criminosos fortemente armados, chega-se à conclusão de que quaisquer organizações sociais e ditos ativistas que atuam nesses locais podem vir a sofrer intervenções violentas ou não, verbais, ameaçadoras, de conivência ou de identificação ideológica, que nos leve a suspeitar e a fazer maior depuração sobre as duras críticas que fazem ao trabalho policial”, escreveu o delegado de polícia Felipe Lobato Curi, subsecretário da SSPIO.

Em 5 de junho, o ministro Edson Fachin concedeu medida cautelar para que “não se realizem operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante a epidemia da covid-19”. Ontem, o plenário do STF formou maioria a favor da liminar de Fachin. A medida do ministro foi uma resposta à ação do PSB para que Witzel explique sua política de segurança —o tema será analisado a partir de sexta-feira (7) pelo plenário do Supremo.

Na contramão do que diz o governo do Rio, estudo da UFF (Universidade Federal Fluminense) apontou que caiu 72,5% o número de mortes decorrentes de ações da polícia em comunidades. O dado é referente ao primeiro mês após a decisão de Fachin.