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O eterno Carlos Drummond de Andrade

Se fosse vivo o poeta Carlos Drummond de Andrade faria hoje (31.10) 118 anos. Nascido em Itabira de Mato Dentro, no interior de Minas Gerais, era filho dos proprietários rurais, Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade. Foi um dos maiores poetas brasileiros do século XX. “No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho”. Este é um trecho de uma das poesias de Drummond, que marcou o 2º Tempo do Modernismo no Brasil.

Em 1916, ingressou em um colégio interno em Belo Horizonte. Doente, regressou para Itabira, onde passou a ter aulas particulares. Em 1918, foi estudar em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, também em colégio interno. Em 1921, começou a publicar artigos no Diário de Minas. Em 1922, ganhou um prêmio de 50 mil réis, no “Concurso da Novela Mineira”, com o conto Joaquim do Telhado.

Em 1923 matriculou-se no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte. Em 1925 concluiu o curso. Nesse mesmo ano, fundou A Revista, que se tornou um veículo do Modernismo Mineiro. Drummond lecionou português e Geografia em Itabira, mas a vida no interior não lhe agradava. Voltou para Belo Horizonte e empregou-se como redator no Diário de Minas.

Em 1928, Drummond publicou o poema No Meio do Caminho, na “Revista de Antropofagia” de São Paulo, provocando um escândalo, com a crítica da imprensa.

Diziam que aquilo não era poesia e sim uma provocação, pela repetição do poema. Como também pelo uso de “tinha uma pedra” em lugar de “havia uma pedra”:

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esqueci desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra

Em 1934, Drummond muda-se para o Rio de Janeiro e assume a chefia de gabinete do Ministério da Educação e Saúde, do ministro Gustavo Capanema. Em 1942 publica seu primeiro livro de prosa, Confissões de Minas.

Em 1945, Drummond deixa o gabinete do Ministério. Nesse mesmo anos, publica o livro de poemas, A Rosa do Povo onde condena a vida mecanizada e desumana de nossos dias e espelha uma carência de um mundo certo, pautado na justiça, que venha substituir a falta de solidariedade de seu momento.

A poesia de caráter social assume nova dimensão, e seus temas preferidos são: a angústia dos seres escravos do progresso, o medo, o tédio e a solidão do homem moderno.

Ainda em 1950, Drummond estreia como ficcionista com a obra Contos de Aprendiz, mas foi na poesia que ele se destacou. Em 1962 se aposenta do serviço público, mas sua produção poética não para. Escreve também crônicas para jornais do Rio de Janeiro. Em 1967, para comemorar os 40 anos do poema No Meio do Caminho, Drummond reuniu extenso material publicado sobre ele, no volume Uma Pedra no Meio do Caminho – Biografia de um Poema.

A riqueza de sua obra foi descoberta por artistas do cinema. Argumentos de filmes foram tirados de seus poemas, como O Padre e a Moça de Joaquim Pedro de Andrade. A música popular brasileira adaptou vários de seus versos para a melodia, como o poema José, gravado por Paulo Diniz. Os versos de Sonho de um Sonho foram tema-enredo de escola de samba, adaptados por Martinho da Vila.

Carlos Drummond de Andrade faleceu no Rio de Janeiro, no dia 17 de agosto de 1987, doze dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.