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O brutal assassinato de Mário Eugênio

Há 37 anos, na noite de um domingo do dia 11 de novembro de 1984, o meu saudoso amigo Mário Eugênio Rafael de Oliveira era brutalmente assassinado na saída da rádio Planalto , em Brasília, logo após gravar o seu programa policial “Gogó das Sete”. Eu e Marão começamos juntos no Correio Braziliense. Ele foi para a área policial e eu para a editoria de Esportes. Durante vários anos sentamos lado a lado na redação do “CB”. Dividíamos até o mesmo telefone: ramal 18. Bons tempos. Saudades do Mário, mineiro de Comercinho, nascido em 3 de janeiro de 1953, formado em jornalismo pela UnB.

Segue abaixo relato do jornalista Renato Riella, competente chefe de redação do “CB”durante muitos anos e que cobriu para o jornal todo o caso Mário Eugênio, ganhando inclusive o Prêmio Esso Nacional de Jornalismo (equipe):

– Mário Eugênio foi morto à meia-noite de domingo, no térreo do Palácio do Rádio (SRTVS). Tinha acabado de gravar o seu programa diário Gogó da Sete e foi acertado por um tiro de escopeta do atirador de elite da Polícia Civil do DF, Dinino 45 (nome dado a ele pelo próprio Mário Eugênio). Marão descobriu que cinco ou seis policiais de elite do DF estavam associados com um tenente, um sargento, um cabo e dois soldados do Pelotão de Investigações Criminais do Exército (PIC), no último ano da ditadura: 1984. Decepcionado, Mário começou a apurar mortes praticadas por esta espécie de milícia e foi morto por isso. Esses todos foram condenados e presos. Divino andou fugido mais de dez anos, mas um dia a Polícia pegou ele falando num orelhão e foi para a Papuda. O Secretário de Segurança, Lauro Rieth, foi indiciado, mas escapou de ser preso com firulas jurídicas. Na verdade, a culpa dele foi proteger os bandidos por seis meses – até qure a gente, pobres jornalistas apavorados, esclarecemos o crime e publicamos a foto de todo mundo, sob a manchete: ‘ELES MATARAM MÁRIO EUGÊNIO”. Detalhe: a principal testemunha de acusação contra Rieth foi a hoje editora do BlogdoRiella, Áurea Varjão, que depois sofreu ameaças terríveis. Fernando Lemos (já falecido) e eu produzimos ela para o depoimento perante o juiz, com gola elevada e óculos escuros – mas não adiantou nada. Todo mundo sabia quem era Áurea Varjão. Graças a este caso, de grande sacrifício, ganhamos o Prêmio Esso Nacional de Jornalismo (equipe). Ninguém acreditava nisso, porque até então o Esso só saía para jornais do Sul/Sudeste. Este é o resumo da história, que tem detalhes inacreditáveis. Um dia escrevo…

Do Operador de Áudio da Rádio Nacional, Messias Melo: “Aquela época eu era operador de áudio na Rádio Planalto. E colocava a Rádio no ar às 5 da manhã e quando cheguei para trabalhar o corpo do Mário Eugênio ainda estava lá coberto, ao lado do seu Monza branco de placa BB 7777. Foi muito triste aquela cena.”