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Em 2023, 50 anos do crime da menina Ana Lídia

Em 2023, um dos crimes mais repugnantes e hediondos ocorridos em Brasília vai completar 50 anos. E até hoje sem nenhuma punição aos envolvidos. O crime da menina brasiliense Ana Lídia, nascida no hospital Dom Bosco (já não existe mais), no Setor Hospital Sul, no dia 10 de julho de 1966, estaria hoje com 55 anos.

Às 13h50 do dia 11 de setembro de 1973, uma terça-feira típica da seca que castigava Brasília, começou a ser escrita uma história de terror que comoveu, revoltou e, até hoje, mexe com os moradores da capital: o brutal assassinato de Ana Lídia Braga, então com 7 anos. Em cinco décadas, foram feitas muitas perguntas, muitas investigações, muitos julgamentos e nenhuma condenação. Deixada pelos pais na escola Madre Carmen Salles, na 604 Norte, a menina não chegou a entrar no colégio. Foi abordada por um homem alto, loiro, de cabelos compridos, que vestia blusa branca e calça verde-oliva. Na companhia dele, deixou o pátio da escola pela última vez.

Vinte e duas horas depois de começado o pesadelo, o corpo da menina foi encontrado em um matagal próximo à Universidade de Brasília (UnB). Nua, com os cabelos louros cortados de forma irregular, bem rente ao couro cabeludo, e violentada, Ana Lídia teve a vida interrompida e atirada em um cova rasa no cerrado. “A polícia só descansará quando o responsável pela morte da menor for localizado e preso”, disse na época o então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, coronel Aimé Laimaison. O que poderia ser o ponto final de um trágico episódio tornou-se, na verdade, o início de um caso que, até hoje, segue sem solução.

Os suspeitos do crime foram o irmão da menina, Álvaro Henrique Braga (que, junto à namorada, Gilma Varela de Albuquerque, teria vendido a menina a traficantes) e alguns filhos de políticos e importantes membros da alta sociedade brasiliense. Mas os culpados nunca foram apontados, e o caso Ana Lídia tornou-se mais um símbolo da impunidade.

As investigações apontaram que Ana Lídia fora levada ao sítio do então Vice-Líder da ARENA no Senado, Eurico Resende, em Sobradinho. Testemunhas disseram que à noite, Álvaro e a namorada saíram e deixaram a menina com Alfredo Buzaid Júnior, Eduardo Ribeiro Resende (filho do senador, dono do sítio) e Raimundo Lacerda Duque, conhecido traficante de drogas de Brasília. Quando voltaram ao sítio, encontraram Ana Lídia morta. Como o principal suspeito era o filho do então ministro da Justiça e posteriormente ministro do STF, Alfredo Buzaid, uma controvérsia formou-se em torno do caso.