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JK recebeu emocionado chaves de Brasília

O presidente Juscelino Kubitscheck, acompanhado de sua esposa, Sarah Kubitscheck, de suas filhas Marcia e Maristela e do vice presidente João Goulart e senhora, chegou no dia 20 de abril de 1960, precisamente às 17,28 horas, à Praça dos Três Poderes, a fim de receber das mãos de Israel Pinheiro as chaves da cidade. A entrega da chave, às 17h40., foi, em si, uma cerimônia rápida.

Em meio a seu discurso, Israel Pinheiro fez uma ligeira pausa, tirou um bonito estojo azul do bolso, e dele retirou a chave. Estava, porém, emocionado e teve dificuldades em segurá-la, sendo auxiliado pela filha do presidente, Márcia. Juscelino Kubitschek percebeu o pequeno embaraço e sorriu ligeiramente, passando a mão, afetuosamente, pelos cabelos da filha. Em seu discurso, Israel Pinheiro louvou a ação do presidente Juscelino e disse das dificuldades encontradas para mudar a mentalidade conformista do povo brasileiro. Brasília foi o primeiro passo para tal.

Logo que recebeu a chave, durante a interrupção do discurso de Israel Pinheiro, o presidente da República elevou-a a fim de que a multidão que ali se aglomerava a visse. Depois, baixou o braço. Porém, sempre simpático, e atendendo ao apelo dos fotógrafos elevou-a mais uma ou duas vezes.

Durante todo o tempo do discurso de Israel Pinheiro, Juscelino Kubistchek, apesar de manter um sorriso nos lábios, demonstrava grande preocupação. Olhava constantemente o relógio e de cada vez denotava maior impaciência. O motivo da preocupação de Juscelino Kubitschek foi rapidamente explicado: tinha que estar às 19 horas no aeroporto, a fim de receber o cardeal Cerejeira, e temia se atrasar, já que o cerimonial do Vaticano é ainda mais rigoroso do que o da própria Inglaterra. O segundo orador foi Everaldo Queiroz, que falou em nome dos trabalhadores de Brasília.

O discurso do presidente JK foi dedicado especialmente aos candangos, os homens, que no seu entender, foram os verdadeiros heróis de Brasília. Em certo trecho de sua oração, disse o presidente, falando diretamente aos trabalhadores: “Reconheço e proclamo, neste momento, que foi expressão da força propulsora do Brasil”. Terminado o seu discurso, o presidente despediu-se rapidamente de Israel Pinheiro e dirigiu-se para o aeroporto.

Todas as autoridades civis, militares e eclesiásticas compareceram à Praça dos Três Poderes. Chegaram, isoladamente, sem nenhum atraso e se colocaram em uma arquibancada especial armada à esquerda do presidente da República. Durante alguns minutos, tiveram que enfrentar um sol causticante e, enquanto os mais obedientes ao protocolo mantinham-se firmes, os demais escondiam o rosto entre as mãos, para poder escapar aos raios solares. (Texto do Correio Braziliense em 21 de abril de 1960)