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Morre cantor Eduardo Gallotti

Sobrinho do ex-presidente do STF, ministro aposentado Octávio Gallotti, morreu hoje (12), no Rio de Janeiro, o cantor, compositor, cavaquinista e pandeirista Eduardo Gallotti Póvoa. Nascido em 7 de fevereiro de 1964, criado no bairro de Botafogo ( mas torcedor “doente” do Fluminense, na Zona sul do Rio de Janeiro, o cantor era filho de Lucinha, irmã do ministro do STF, e de Helion Póvoa (já falecido). Trabalhou profissionalmente como músico desde os 20 anos de idade. Dividiu o palco, tocando e cantando, com Elza Soares e Paulinho da Viola, no projeto “Roda de Bamba”, realizado no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro.

Integrou, na década de 1980, os grupos de pesquisa musical “Diz Isso Cantando” e “Éramos Seis”, com o qual participou da novela “Kananga do Japão”. Foi fundador de várias rodas de samba tradicionais como “Candongueiro”, em Niterói; “Sobrenatural”, “Severina”, a do bar “Emporium” e a do “Trapiche”, no Rio de Janeiro. Participou, durante o período de carnaval, dos desfiles de escolas de samba como julgador de bateria. No carnaval de 2010, a marchinha de sua co-autoria e interpretação “O bispo também quer levar” foi classificada em segundo lugar, no Concurso de Marchinhas da Fundição Progresso, no Rio de Janeiro.

Participou do filme “Noel Rosa, o Poeta da Vila”, como ator e cantor. Atuou, também, como ator e cantor, no filme curta metragem “Samba no Botequim do Seu Zé”, lançado em 2009 na Casa Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Acompanhou artistas como Moreira da Silva, Dona Ivone Lara, Monarco, Walter Alfaiate, Nelson Sargento, Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, entre outros.

Em 2013 participou da semana “Os Sambas do Brasil”, dentro das comemorações do “Ano Brasil Portugal”, apresentando o espetáculo “Quem foi que inventou o Brasil? – a presença de Portugal na música popular brasileira”, ao lado do violonista e percussionista Luiz Filipe de Lima, no Espaço Brasil, em Lisboa (Portugal). O show, cujo título foi inspirado na marchinha carnavalesca “História do Brasil” (Lamartine Babo), reuniu músicas do início do século XX até o início do século XXI que abordam a influência portuguesa no Brasil.

O escritor e jornalista Marcelo Moutinho comentou a perda do amigo Gallotti: “Gente, morreu o Eduardo Gallotti Povoa. Tudo, absolutamente tudo, que foi feito de samba entre o Centro e a Zona Sul do Rio de Janeiro – o renascimento do gênero, a popularização entre os mais jovens (lembremos que era uma época da música quase sempre medíocre “de boate”, um lixo importado sem critério) – têm o dedo desse cara tão gentil. As rodas de Santa Teresa, que desceriam para a Lapa, o Lavradio 100, mesmo o Semente e o Carioca da Gema. Há quem tenha nascido ontem e já se sinta um Candeia contemporâneo, mas quem estava lá viu aqueles que capinaram na mata fechada. Como o Gallotti, que nos deixou hoje, sem saber como lidar com sua falta”.

O jornalista Cid Benjamin, torcedor apaixonado do Flamengo, também comentou o falecimento do amigo que era torcedor do Fluminense: ” Pessoal, falei com o Caio Barbosa, presidente informal do Fluminense, para que no próximo jogo do tricolor haja um minuto de silêncio em homenagem ao Gallotti. Outra coisa, estou conversando com frequentadores daquele lugar na rua do Ouvidor em que há as rodas de samba para que ele ganhe o nome de Espaço Gallotti, com placa na parece, inauguração festiva e tudo mais que o nosso amigo merece. A lista de adesões à proposta está aberta”.