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O genial Ariano Suassuna faria amanhã 95 anos

Se fosse vivo, o genial Ariano Vilar Suassuna completaria amanhã, dia 16 de junho, 95 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras, dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta, professor, advogado, palestrante e torcedor do Sport Recife, foi o idealizador do Movimento Armorial e autor das obras Auto da Compadecida e O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta. Também se destacou como um dos maiores defensores da cultura do Nordeste no país.

Ariano Suassuna nasceu em Parahyba do Norte, atual João Pessoa, no dia 16 de junho de 1927, filho de Rita de Cássia Dantas Villar e João Suassuna. Ariano foi casado com Zélia de Andrade Lima, com quem teve seis filhos. Seu pai era então o presidente (seria hoje chamado de governador) do estado da Paraíba. Ariano nasceu nas dependências do Palácio da Redenção, sede do Executivo paraibano. No ano seguinte, o pai deixa o governo da Paraíba, e a família passou a morar no sertão, na Fazenda Acauã, em Sousa.

Durante o movimento armado que culminou com a Revolução de 1930, quando Ariano tinha três anos, seu pai João Suassuna foi assassinado por motivos políticos no Rio de Janeiro, e a família mudou-se para Taperoá, antiga Vila Batalhão, na Paraíba, onde morou de 1933 a 1937. Nessa cidade, Ariano fez seus primeiros estudos e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e a um desafio de viola, cujo caráter de “improvisação” seria uma das marcas registradas também da sua produção teatral.

O próprio Ariano Suassuna reconhecia que o assassinato de seu pai ocupava posição marcante em sua inquietação criadora. No discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, disse: “ Posso dizer que, como escritor, eu sou, de certa forma, aquele mesmo menino que, perdendo o pai assassinado no dia 9 de outubro de 1930, passou o resto da vida tentando protestar contra sua morte através do que faço e do que escrevo, oferecendo-lhe esta precária compensação e, ao mesmo tempo, buscando recuperar sua imagem, através da lembrança, dos depoimentos dos outros, das palavras que o pai deixou”.

O assassinato de João Suassuna ocorreu como desdobramento da comoção posterior ao assassinato de João Pessoa, governador da Paraíba e candidato a vice-presidente do Brasil na chapa de Getúlio Vargas. Ariano Suassuna atribuía à família Pessoa a encomenda do assassinato de seu pai, contratando o pistoleiro Miguel Laves de Souza, que atirou na vítima pelas costas, no Rio de Janeiro. Em razão disso, não concordava com a alteração do nome da cidade onde nasceu, de ” Parahyba do Norte” para “João Pessoa”, em homenagem ao governador assassinado.

Na Faculdade de Direito do Recife, conheceu Hermilo Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Em 1947, escreveu sua primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol. No mesmo ano, volta a Taperoá, para curar-se de uma doença pulmonar e lá escreve e monta a peça Torturas de um Coração. Retorna a Recife onde, entre 1952 e 1956, dedica-se à advocacia e ao teatro. Em 1953, escreve O Castigo da Soberba, depois vieram O Rico Avarento (1954) e o aclamado Auto da Compadecida, de 1955, que o projetou em todo o país. Em 1962, o crítico teatral Sábato Magaldi diria que a peça é “o texto mais popular do moderno teatro brasileiro”. Em 1956, afasta-se da advocacia e torna-se professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco, onde se aposentaria em 1994.

Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte; Universidade Federal da Paraíba; Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade de Passo Fundo. Em 2002, Ariano Suassuna foi tema de enredo no carnaval carioca na escola de samba Império Serrano; em 2008, foi novamente tema de enredo, desta vez da escola de samba Mancha Verde no carnaval paulista. Em 2013 sua mais famosa obra, o Auto da Compadecida foi o tema da escola de samba Pérola Negra em São Paulo. As obras de Suassuna já foram traduzidas para o inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês.

Em 1993, foi eleito para a cadeira 18 da Academia Pernambucana de Letras, cujo patrono é o escritor Afonso Olindense.
De 1990 até o ano de sua morte, ocupou a cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é Manuel José de Araújo Porto Alegre, o barão de Santo Ângelo. Foi sucedido por Zuenir Ventura. Assumiu a cadeira 35 na Academia Paraibana de Letras, cujo patrono é Raul Campelo Machado, sendo recepcionado pelo acadêmico Joacil de Brito Pereira.

Ariano morreu no dia 23 de julho de 2014 no Real Hospital Português, no Recife, vítima de uma parada cardíaca. Havia dado entrada no hospital na noite do dia 21, depois de um acidente vascular cerebral (AVC), passando por procedimento cirúrgico com colocação de dois drenos para controlar a pressão intracraniana. Ele ficou em coma e respirando por ajuda de aparelhos. O corpo de Ariano foi sepultado no Cemitério Morada da Paz em Paulista, Região Metropolitana do Recife, em 24 de julho de 2014.

Sua filha Ana Rita Suassuna declarou durante o velório: “Nós vamos chorar e rir, pois lembramos de todas as histórias dele. Estamos muito felizes, pois essa é uma passagem muito bonita. O céu está em festa hoje. Ele foi muito feliz, muito realizado. Na última semana, ele fez duas aulas-espetáculo, e vocês precisavam ver a satisfação dele. Chegou em casa contando da alegria e da festa que foram essas duas aulas”.


Recebi a seguinte mensagem da exemplar ex-funcionária do Senado e do Conselho Federal da OAB, Ligia Jurema, nascida em Recife mas radicada há muitos anos ao lado do maridão, torcedor doente do Fluminense, o médico Aderbal Jurema, em Brasília:
“Meu pai Arino e João Suassuna, o filho, estudaram medicina no Recife, quando a faculdade não existia nem no Rio Grande do Norte e nem na Paraíba. Moraram num pensão, os dois, até a formatura. O Ariano , radicado no Recife, morava no bairro de meus pais, Casa Forte, onde, creio que a viúva ainda esteja. Em razão dessa história, as filhas do João foram companheiras nossas, filhas de papai, no colégio Vera Cruz. Veja o tempo e suas amizades!!! “