Há 50 anos, no dia 19 de dezembro de 1973, diante de mais de 155 mil espectadores, no Maracanã, um combinado de atletas do exterior, muitos que atuavam em times nacionais, enfrentou a Seleção Brasileira, reforçada por Pelé no “Jogo da Gratidão”. A partida marcou a despedida e também buscou arrecadar dinheiro para Mané Garrincha. Foram arrecadados mais de US$ 160 mil. Segundo o presidente da Academia Paranaense de Letras, advogado e jornalista Ernani Buchmann – na época repórter esportivo e responsável pela cobertura da partida – o então presidente da CBF ( na época CBD ), Joao Havelange não permitiu o uso da camisa oficial da Seleção Brasileira. O time brasileiro jogou de camisa amarela, um escudo qualquer e calções verdes. “Uma mesquinharia horrorosa”.
Com a arrecadação, Garrincha, então com 40 anos, comprou sete casas (para as filhas), outra na Tijuca, um carro Mercedes-Benz (usado) e uma casa de shows no bairro de Vila Isabel, onde sua companheira e cantora Elza Soares poderia se apresentar. O argentino convidado Brindisi, que jogava pelo Huracán e seleção argentina, abriu o placar. Pelé, com um golaço, em jogada individual, empatou ainda no primeiro tempo. Luis Pereira fez no segundo o gol da vitória da seleção. Garrincha, após algumas boas jogadas proporcionadas pela frouxa marcação adversária, combinada, deixou o gramado ovacionado aos 30 minutos da etapa inicial. Não dava mais para ele. Deu volta olímpica.
O Brasil jogou com Félix (Leão); Carlos Alberto (Zé Maria), Brito (Luis Pereira), Piazza e Everaldo (Marinho Chagas); Clodoaldo (Zé Carlos) e Rivellino (Manfrini); Garrincha (Zequinha), Jairzinho (André), Pelé (Ademir da Guia) e Caju (Mário Sérgio). Zagallo comandou o Brasil. Armando Marques apitou o primeiro tempo e Arnaldo Cesar Coelho, a segunda etapa. O combinado estrangeiro contava com Andrada (Vasco), Forlan e Pedro Rocha (São Paulo), Alex (América-RJ), Reyes e Doval (Flamengo) e Dreyer (Coritiba). O zagueiro Bruñel, zagueiro do Fluminense, foi escalado de lateral para marcar o Garrincha. Mesmo sem condições físicas, Garrincha deu uma balançada e Bruñel caiu sentado. O Maracana veio abaixo. O técnico foi Travaglini.
Titular da Seleção Brasileira da Copa de 1958, além de ter sido o principal responsável pela conquista do bicampeonato mundial no Chile (1962), Garrincha detém até hoje a impressionante marca: perdeu apenas uma das 61 partidas que fez com a camisa do Brasil. Pela Seleção, disputou 60 jogos , marcando 17 gols.
O craque morreu pobre, nove anos mais tarde, aos 49, em decorrência do alcoolismo.