Sem um ministro negro desde a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa, em julho de 2014, cresce nos bastidores do Palácio do Planalto o nome da atual presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, desembargadora negra Iris Helena Medeiros Nogueira, com 35 anos de carreira, para ser indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o lugar da sua conterrânea, ministra Rosa Weber, que se aposenta nos próximos dias no Supremo Tribunal Federal (STF). Iris é a primeira mulher presidente do Tribunal de Justiça do Estado e em sua vida, a acostumou-se a ser a primeira, muitas vezes em sua carreira.
Natural de Pelotas (RS), graduada em Direito pela Universidade Federal da sua cidade natal (UFPEL), Iris entrou para a magistratura em março de 1985. Atuou durante a carreira nas comarcas de Santa Rosa, Campina das Missões, Espumoso, São Jerônimo e Porto Alegre. Juíza-Corregedora de 1994 a 1998, jurisdicionou a 160ª Zona Eleitoral. Promovida ao Tribunal de Justiça gaúcho em março de 2004, foi Corregedora-Geral da Justiça (2016/2018). Integrou, como eleita, o Órgão Especial do TJRS. Presidiu o Conselho de Administração, Planejamento e Gestão, Comitê Executivo do Planejamento Estratégico e o Comitê Orçamentário de 2º Grau no biênio 2020/2021. Membro nato do Conselho Deliberativo da Ajuris, o qual presidiu no biênio 2006/2007. Dirigiu a Escola Superior da Magistratura (2008/2009). Após uma trajetória ilibada e exemplar, tornou-se a primeira mulher corregedora-geral de Justiça.
Em março último a desembargadora foi homenageada na Assembleia Legislativa juntamente com mais pessoas com o Troféu Mulher Nota 10. Ao lembrar a trajetória da primeira mulher a assumir o comando do TJ no Estado, o deputado Delegado Zucco recordou ações conjuntas desenvolvidas com a juíza. No ano de 2002, ambos atuaram em conjunto no combate à uma facção, que praticava homicídios na Vara do Júri em Porto Alegre, e, desde então, mantém a amizade. Na homenagem, foi chamada ao palco sua mãe Cleusa Kerber.
“Assumir cargos de poder e ter permanentemente os olhos daqueles que tanto necessitam de justiça. Nunca me disseram que por ser mulher, negra, com uma condição financeira modesta, eu não poderia chegar em algum lugar. Hoje agradeço a todas as mulheres!”, disse Iris Helena Medeiros.