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Aos 87 anos, Cléa Carpi recebe homenagem da UFRGS

A Faculdade de Direito da UFRGS inaugurou uma placa em homenagem à Cléa Anna Maria Carpi da Rocha, primeira mulher a presidir o Centro Acadêmico André da Rocha (CAAR), vice-presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE-RS) e primeira e única presidenta da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Rio Grande do Sul (OAB-RS). Aos 87 anos Cléa Carpi, conselheira federal, ex-presidenta da OAB-RS e ganhadora da Medalha Rui Barbosa, tem uma trajetória de pioneirismo marcada pela atuação na luta pelo estado democrático de direito e no processo de redemocratização do país, nos movimentos das Diretas Já e pela anistia. Especializada em direitos humanos, é ainda conselheira honorária do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do RS.

Em sua fala de agradecimento, Cléa Carpi declarou-se muito emocionada com a cerimônia e saudou a Faculdade e sua comunidade como a casa da liberdade de pensamento e da defesa da democracia. Louvou também Alfredo Guilherme Englert, provedor da Irmandade Santa Casa de Misericórdia e Porto Alegre: “O grande comandante da minha campanha vitoriosa à presidência do Centro Acadêmico. Eu lhe sou grata até hoje por ter me acompanhado por essas salas de aula, corredores e escadarias. Grande provedor que deu continuidade à obra de Dom Vicente Scherer”.

Cléa disse ter vivido momentos decisivos de sua vida naquele ambiente. “Há 64 anos, assumi a presidência do Centro Acadêmico André da Rocha […] Aqui, vivi momentos épicos de luta dos universitários. Aqui esteve também minha irmã Maria Carpi, defensora pública e poeta, e Carla Carpinejar, minha amada sobrinha, procuradora da Justiça, e aqui também, recentemente, a minha amadíssima Giovanna, que me ensina a beleza e a responsabilidade de utilizar as novas tecnologias. A nossa faculdade foi a primeira criada no Rio Grande e a sétima no país.

Por aqui passaram ainda os grandes Borges de Medeiros e Júlio de Castilhos, que introduziram os ideais positivistas. Porque o Direito – pensavam eles – tem de ser livre, sem as correntes oficiais, sem as amarras do poder. Esta faculdade nasceu livre! Como livre é o Rio Grande! E por aqui passaram várias figuras públicas, políticos, magistrados, advogados notáveis. O conceito original das ideias positivistas foi abrangendo a consciência social e política do Direito. É isso que motivou extraordinários professores, como Ruy Cirne Lima e Armando Câmara, extraordinários políticos, como Getúlio Vargas e Jango. Então, acho que hoje, advogados e advogadas têm de ter presente que o Direito constitui a democracia, mas a construção sempre será uma obra da Justiça! Essa é a mensagem que termos de ter na nossa alma e na nossa caminhada”, concluiu a homenageada