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STJD analisa em 2024 uso de grama sintética

No início do próximo ano (2024) o Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) deverá julgar o uso de gramado sintético no futebol brasileiro. Atualmente, apenas três clubes utilizam o gramado artificial: Athetico Paranaense. Botafogo e Palmeiras. Há possibilidade de um quarto clube aderir ao gramado sintético, o Clube Atlético Mineiro.

Dois clubes de peso, Flamengo e Fluminense, preparam um dossiê contra os gramados sintéticos no futebol brasileiro. A ideia é proibir o uso do campo artificial a partir de 2025 ou 2026. Os clubes envolvidos preparam uma “força-tarefa” com um dossiê de argumentos contra o gramado sintético. O alto risco de lesões é um dos principais pontos citados pelo relatório.

Opiniões:

Fernando Diniz – treinador interino da Seleção Brasileira, treinador campeão da Libertadores pelo Fluminense e ex-jogador de futebol – Eu acho que oferece mais risco [o gramado sintético]. Eu não gosto do advento do campo de grama sintética. Não é o melhor para os jogadores e eu sou a favor do que é melhor para os jogadores. Eu acho que não favorece o jogo, muda o jogo, não é o mesmo jogo jogar em grama sintética e eu acho que os riscos aumentam de lesão. Tem uma corrida no mundo para que os campos de grama sintética sejam abolidos de alguns campeonatos, muitos na Europa não tem esse tipo de gramado e eu sou a favor de que a gente tenha um campeonato jogado somente em campo de grama natural

Abel Ferreira – treinador português do Palmeiras – A grama sintética do estádio palmeirense: o gramado do Allianz Park tem que ser trocado urgentemente. Não quero saber quem vai pagar, se a WTorre ou o Palmeiras. O gramado não está em condições de continuar a jogar futebol, neste momento é um risco para lesões de jogadores.

Sérgio Pugliese – jornalista – No meu ponto de vista de peladeiro profissional acho ruim porque cada campo instala um modelo diferente e algumas são muito finas, duras. Outras são bem fofas e lembram até as gramas originais. Mas a verdade é que se for feita uma enquete os peladeiros preferirão os bons e praticamente extintos campos de terra batida.

Luiz Antônio Vieira – renomado médico ortopedista do Rio de Janeiro que já operou, por exemplo, os atacantes Breno Henrique e Pedro, do Flamengo – No início da grama sintética operei muita gente de ligamento, por causa da grama, hoje em dia não vejo isso…

obs: Pedro foi operado quando era jogador do Fluminense

Edu Coimbra, ex-craque do América do Rio de Janeiro e irmão do Zico: Sou totalmente contra jogos oficiais em campo sintético. O número de lesões aumentam e uma série de mudanças acontecem em relação a grama natural.

José Murilo Procopio- advogado e vice-presidente do Atlético Mineiro – Acredito que o melhor seria o híbrido. É o que devemos optar.

Renato – ex-goleiro da Seleção Brasileira, Fluminense, Flamengo, Atlético Mineiro e Bahia – Não conheço esses novos tipos. Joguei na Arábia Saudita e nos Emirados. Eram péssimos. Pareciam com uma lona de caminhão. Tirava um bife se raspasse alguma parte do corpo.

Paulo Sérgio – ex-goleiro da Seleção Brasileira, Fluminense e Botafogo – Nada contra os gramados sintéticos, porém vale a pena uma análise: nos principais países que praticam o futebol, TODOS os estádios são de grama natural. Se a questão dos estádios brasileiros que adotaram a grama sintética foi por causa dos shows , então por favor invistam (assim como nos estádios de diversos países) em mecanismos que protegem os gramados naturais.

Ernani Buchmann – advogado, jornalista, escritor, ex-presidente da Academia Paranaense de Letras e ex-presidente do Paraná Clube – Sobre a questão, o enrosco está no conceito de arena multiuso. Os clubes cedem seus estádios para shows, levantam um dinheiro respeitável e, não fosse a grama artificial, não poderiam usar os respectivos campos em curtíssimo prazo, como o calendário brasileiro exige. Há ainda o fato de que, no caso do Athletico Paranaense, o local não favorece o crescimento homogêneo da grama natural. Minha convicção é de que a Fifa deveria investir em tecnologia aplicada ao desenvolvimento de gramados artificiais menos lesivos aos atletas. Enquanto isso não ocorrer, a grama artificial deveria ser banida, pelos riscos que apresenta atualmente.

Juca Kfouri – jornalista – Não gosto, mas prefiro aos pastos que infestam o país.

Eraldo Leite – jornalista – O gramado sintético só vingou no Brasil por causa da péssima qualidade dos gramados naturais. E isso tem duas causas: o clima tropical no Brasil, com muita chuva na maior parte do ano, e o calendário massacrante do futebol, com 80, 90 jogos pra cada time. O Maracanã, por exemplo, tem dois usuários (às vezes três), que jogam ao mesmo tempo até três competições paralelas. O gramado vive no sufoco, sem tempo pra respirar. Assim como o jogadores precisam do intervalo de 66 horas entre um jogo e outro, os gramados naturais também deveriam ter respeitado um certo intervalo (com a palavra os engenheiros agrônomos). Entre jogar num campo esburacado, cheio de “montinhos artilheiros” ou num gramado sintético, a segunda opção é melhor. E fora os shows. Estádio de futebol é pra jogar futebol.

Cícero Melo – jornalista – Sempre fui contra o gramado sintético no futebol profissional. Sempre achei que futebol profissional tem que ser jogado em gramado natural. Essa história de gramado sintético começou nas “peladas”. Eu mesmo joguei muitas “peladas” com amigos em gramado sintético. A FIFA permitiu o gramado sintético em em jogos de Copa do Mundo. Os clubes passaram adotar esse tipo de gramado porque facilita a recuperação após os shows e a manutenção é muito mais barata. O gramado do Maracanã, por exemplo, já passou este ano por várias reformas. O custo é grande porque o maquinário é importado. Acho muito difícil a FIFA voltar atrás e proibir o uso da grama sintética. Mesmo assim, sou contra o gramado sintético.

Terence Zveiter – advogado e presidente da Academia Nacional de Direito Desportivo (ANDD) – Gramado sintético e gramado natural tem uma diferença. O gramado sintético gruda mais na chuteira. Com relação às contusões dos atletas não é nada de excepcional em termos de números. Qual é a grande vantagem do gramado artificial. É que você pode usar o gramado do jeito que lhe convier. Por exemplo, o Botafogo colocou a grama artificial no Engenhão. No ano passado ele alugou o estádio para dois shows. Este ano já foram mais de vinte. Com isso, criou um ecossistema ao redor do estádio nunca antes visto, trazendo um benefício enorme para a população limítrofe gerando emprego, receita, além de você gerar para o Rio de Janeiro muitos recursos. Em um país como o nosso onde muita gente morre de fome, você não pode impedir o clube de futebol de exercer uma atividade econômica rentável.por isso, vejo o uso da grama sintética nos estádios como muito mais vantagens.

Wellington Campos – jornalista – A FIFA está estudando proibir. EUA estão fazendo muita pressão devido as lesões. Na copa do Mundo de 2026 todos os gramados serão naturais.