A escalada de truculência e arbitrariedades em Olhos d’Água, distrito de Alexânia (GO) a 90 Km de Brasília, chegou ao ápice no início da noite deste sábado (9). Como desagravo ao pároco local, Cleyton Francisco Garcia, a igreja local marcou uma missa com a participação de mais dois padres – Allan Carlos e Israel Adriano, da Paróquia Imaculado Coração de Maria, de Alexânia – e o diácono Francisco.
Mas, na hora da celebração, a Polícia Militar do Estado de Goiás – que reforçou o efetivo local por solicitação da Igreja e determinação do prefeito de Alexânia, Alysson Lima (PP), para impedir o acesso de populares à Praça Santo Antônio, no centro do vilarejo – resolveu esvaziar também os bares e restaurantes que circundam a praça.
Diante dos protestos dos proprietários, funcionários e clientes dos estabelecimentos, os policiais usaram gás de pimenta e prenderam uma DJ, identificada como Dani Lima, e apreendeu seus equipamentos de som. A violência policial não poupou nem mulheres e idosos.
As desavenças em Olhos d’Água começaram em junho, logo após a 96’ Feira do Troca, evento que acontece há 49 anos, sempre no primeiro fim de semana de junho e dezembro. O padre Cleyton anunciou que a festa não poderia mais ocorrer na Praça Santo Antônio, área que a Igreja alega pertencer à Diocese de Anápolis.
Desde então, sempre na calada da noite, foi demolido o coreto da praça, destruída parte do gramado para instalação de bloquetes para construção de “estações da Via Sacra” e, no início desta semana, derrubadas três árvores históricas. Indignados, os movimentos sociais e a população marcaram atos de protesto – pacíficos – como o enterro simbólico de uma Maria Preta, árvore Christian rara derrubada pela subprefeitura local, ocupada por Christian “Alemão”.
A manifestação dos populares, durante o dia, incluiu um desfile de personagens caracterizados como Papa e uma mãe de santo, entre outros, na rua improvisada para receber os expositores do Troca. Mas ninguém esperava que, já à noite, a PM entraria em ação para esvaziar os bares. Tudo isso sem qualquer tipo de explicação por parte das autoridades municipais, especialmente o prefeito Alysson Lima.
Enquanto isso, a maioria dos moradores de Olhos d’Água defende a tradição da Feira do Troca, se vestiu de preto e pendurou faixas em sinal de luto nas portas e portões das casas.
A Feira do Troca acontece há 49 anos, na Praça Santo Antônio. Após a 96ª edição, em junho, o padre Cleyton anunciou, durante uma missa na Paróquia Imaculada Conceição, em Alexânia, que construiria, no gramado onde ocorre a concentração, “estações da Via Sacra”, restringindo o acesso de transeuntes. (Matéria publicada originalmente no site Brasília Capital)