Uma pesquisa respondida por advogadas de todos os estados da federação apontou que cerca de 40% dessas profissionais já pensaram em abandonar suas atividades. O dado foi destacado pela jurista Soraia Mendes, uma das responsáveis pela iniciativa, que participou do evento Lawfare de gênero, promovido pelo Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). Ela apontou que o motivo do descontentamento com a profissão está diretamente ligado aos preconceitos de gênero: “As advogadas querem desistir em razão das violências de natureza institucional e processual que sofrem no cotidiano”.
Segundo Mendes, essas violências também aparecem dentro dos tribunais de ética e disciplina e até mesmo nas comissões de prerrogativas cujos pleitos femininos acabam não sendo atendidos. Com o resultado da pesquisa, foi cunhado o conceito de “lawfare de gênero”, que tem como definição a utilização do Direito como instrumento de guerra contra as mulheres, sejam elas parte do processo ou advogadas no exercício da profissão. “Com um nome e uma conceituação temos uma ferramenta nas mãos para apontar como o Estado exclui as mulheres da política, do sistema de justiça e sobretudo de algumas profissões, como é o caso da advocacia”, comentou Mendes.