Marco Túlio de Oliveira é procurador da República em Goiás:
UnB, 1982
E já se vão mais de quarenta anos…
Foram quatro anos nos bancos da Faculdade de Direito. Bons tempos…
UnB, e lá estava ele, Romildo Bueno. Teoria Geral do Processo. E ele, com Savigny, Wach, Bülow e a teoria da ação nas mãos, na mente, fluindo…
Chamado a ministrar Processo Penal,
chegou à sala e disse:
“O curso será baseado na obra de Foschini, autor italiano”
E lá íamos nós, biblioteca, dicionário à mão, internet? Não, não havia. Página por página, esforço. Mas a vontade de aprender, essa sim, enorme.
UnB, onde Rezek, ao entrar na sala,
era uma viagem,
palavras voando fáceis,
que oratória, meu Deus!
UnB, do Professor Ronaldo Poletti,
grande estudioso do Direito,
apresentou Miguel Reale, que continua…
UnB, do irreverente Professor Roberto Lira Filho, vestindo o avesso, cabelo longo, roupas largas, desarrumado no meio da formalidade, respeitado, muito. Passava e os professores, quase reverentes: “Lá vai, cento e cinquenta quilos de erudição.”
UnB, do Professor Paulo Távora,
simples, grande.
Obrigações e Contratos, e de repente,
introduzidos em Pontes de Miranda.
UnB, do Professor Sebastião Reis, um gentleman, o legado da tradição viva do Direito Administrativo.
UnB, da elegância do Professor Veloso,
ensinando Teoria Geral do Direito Público,
e ao final do curso, a exigência:
uma resenha do Federalista
e de O Espírito das Leis.
UnB, e a resenha do denso Paz e Guerra entre as Nações, de Aron, no curso de Relações Internacionais,
do Professor Sérgio Amaral.
UnB, do Professor Francisco de Assis Toledo. Aula e código.
Enquanto lecionava,
escrevia a Parte Geral do Código Penal.
UnB, do Professor Moreira Alves,
o MOREIRA ALVES,
o maior do Supremo.
Rigor lógico inabalável.
“Não percam tempo com obras fáceis”, preocupava-se.
Escreveu o Código Civil.
UnB, do Professor Hermenito Dourado, hermenêutica lúcida do Direito Administrativo. Leram Roberto Campos ontem : o início da aula na segunda-feira.
UnB, do Professor Osíris,
um dos maiores tributaristas do país, um cigarro e outro e outro…
Trazia Geraldo Ataliba, ali, sempre ali, ensinando o que ler ( vão às fontes! ) mas o que não ler.
UnB, da humanidade do Professor Walter Costa Porto, o ensino honesto do Direito Eleitoral.
UnB, do Professor Inocêncio Coelho, vocação pra sala de aula. Livro não fala, dizia .
UnB, do Professor Marco Aurélio, gosto pelo Direito do Trabalho. “No Direito do Trabalho, a liberdade escraviza, e a lei liberta”, ainda ouço agora…
Saudades. Daqueles corredores, das salas, dos amigos, dos professores. Ficou a lição.
Direito exige disciplina, muita disciplina, não só ler, mas refletir, sedimentar. Uma vida. E as grandes obras, as boas obras, são elas que sustentam tudo.