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Ricos e delinquentes

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso criticou, mais uma vez, o sistema penal brasileiro. “O sistema punitivo brasileiro não funciona como prevenção geral para os ricos. Consequentemente, nós criamos uma sociedade cheia de ricos delinquentes, que sonegam, fraudam licitação, subornam, fazem lavagem de dinheiro. Portanto, nós precisávamos criar um sistema penal que valesse para todo mundo”, afirma ele.

A declaração foi dada em entrevista a Roberto D’Avila, com exclusividade para a GloboNews. Barroso também se mostrou contra o foro privilegiado. Para ele, “o foro por prerrogativa (privilegiado) é antirepublicano, faz mal para o Supremo e gera impunidade”. “Precisa acabar. Precisa ser drasticamente restringido para os chefes de poder, talvez para os ministros do Supremo – não em causa própria – mas por uma questão mínima de hierarquia e proteção institucional. Porém, sou contra o foro por prerrogativa. Sou a favor de se criar uma vara federal especializada em Brasília com um juiz escolhido pelo Supremo com um mandato de quatro anos, ao final dos quais ele é promovido para seu tribunal”, defende.

Lava Jato

A entrevista também abordou a Operação Lava Jato. O magistrado considera a ação da Polícia Federal e do Ministério Público importante para a prevenção de futuros crimes. “Quem ia doar para o caixa 2 vai pensar duas vezes. A melhor coisa que os rapazes de Curitiba fizeram foi oferecer um bom exemplo. Uniram-se membros do Ministério Público, Polícia Federal e a magistratura em um pacto de seriedade, de qualidade técnica, de trabalho de patriotismo, para ajudar a enfrentar um problema brasileiro, que é a corrupção. Acho que mudamos o paradigma ético no Brasil, mudamos a ética pública e agora precisamos mudar a ética privada”, ressalta o ministro.

“Talvez a gente não esteja em um momento de celebração. Mas acho que nós estamos fazendo uma revolução profunda e silenciosa no Brasil. E as mudanças que estão sendo feitas não vão se refletir no PIB do ano que vem, mas vão se refletir a longo prazo na vida dos nossos filhos”, declarou Barroso, com otimismo. (Diário do Poder)