O bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro – onde seus moradores pagam o IPTU mais caro do país – tem, de ponta a ponta, 1,9 quilômetros – A sua principal avenida é a Ataupho Paiva – nome de batismo Ataulpho Napoles de Paiva, dado em homenagem a um ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Academia Brasileira de Letras (ABL) . Ao todo, são 17 transversais, incluindo duas bastante conhecidas: a Bartolomeu Mitre e Afrânio de Melo Franco ( formado na Faculdade de Direito de São Paulo em 1891, foi promotor público em municípios do interior de Minas Gerais).
Apesar de ser um bairro nobre da zona sul da cidade e ter dimensões reduzidas, a sua principal avenida é ocupada, prioritariamente, por farmácias e agências bancárias. Na calçada da Ataulpho de Paiva – de ambos os lados – estão instalados verdadeiros monstrengos chamados de bancas de jornais mas que vendem de tudo, de chinelo até jornais e revistas.
Para ser ter uma idéia do exagero são 12 farmácias instaladas e uma em fase final de construção somente na avenida principal. A drogaria Pacheco tem 6 lojas; a Drogasmil, 2; a Raia, 1; a Onofre, 1; a Drogarias Mat, 1 e a Farmalife, 1. Há, ainda, outras farmácias instaladas nas transversais como uma em frente à antiga Casas Sendas, hoje Pão de Açúcar, na rua José Linhares.
O exagero continua na instalação de bancas de jornais, na Ataulpho de Paiva e nas 17 transversais. Ao todo, são 13 bancas – todas enormes – na rua principal e mais 7 nas esquinas. A banca mais famosa é a Piaui. Em todas elas são vendidos balas, doces, refrigerantes, biscoitos, cigarros e até jornais e centenas de revistas. A banca que fica na esquina de Ataulpho com Bartolomeu Mitre foi toda pichada. Em frente dela, do outro lado da rua, existe outra mas não foi alvo dos pichadores.
No entanto, para tristeza dos moradores, o casarão onde funcionou o tradicional colégio Saint Patrick’s , de grande valor arquitetônico, está fechado há três anos após uma briga judicial entre os herdeiros do colégio. Os vizinhos estão preocupados com a proliferação do Aedes aegypti, transmissor de dengue, zika e chicungunha. Após uma vistoria recente da Secretaria municipal de Saúde, foram encontradas larvas em baldes com água parada. A marquise está a pique de cair em virtude da deteriorização do prédio.
O Cinena Leblon, inaugurado em 29 de setembro de 1951, está fechado há dois anos após seus proprietários – o grupo Severiano Ribeiro – terem declarado dificuldades financeiras para a sua manutenção. Os cinéfilos cariocas têm um carinho especial pelo Cinema Leblon. O espaço resistiu como cinema de rua e preservou frequentadores fiéis à casa de 63 anos. Em 2014, seus administradores anunciaram o fechamento devido à crise financeira. No dia 2 de julho, a casa se despediu com a exibição de ‘Jersey Boys: em busca da música’, ‘Amazônia’ e ‘Muppets 2: procurados e amados’.
Há,ainda, cinco grandes estabelecimentos que encerraram suas atividades no bairro devido a crise financeira— e continuam com as portas fechadas. São eles: McDonald’s , da Dias Ferreira; Garcia & Rodrigues , na Ataulfo de Paiva; Le Bronx, na Almirante Guilhem, e Lidador, também na Ataulfo de Paiva. A praça Cazuza, inaugurada recentemente, entre as ruas Dias Ferreira e Ataulpho de Paiva, está abandonada e virou point de mendigos, principalmente à noite. Em frente à praça há uma loja onde há muitos anos funcionou na década de 80 o fast food MacDonalds. A loja nunca mais abriu e virou depósito de lixo.