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Crime bárbaro em Brasília

“Mais uma dor e dessa vez não posso me calar. Não podemos deixar esse criminoso solto. Não podemos permitir que ele, novamente na rua, destrua outras famílias com a sua sanha assassina”. A afirmação foi feita hoje (28) pela arquiteta e urbanista Maria Fernanda Del’Isola, irmã de Maria Claudia Del’Isola brutalmente assassinada há doze anos, em sua casa, no Lago Sul, em Brasília. A manifestação ocorreu em virtude da notícia de que o assassino e estuprador de sua irmã, condenado a 52 anos de cadeia, o ex-caseiro Bernardino do Espírito Santo Filho, obteve o benefício da progressão do regime de prisão fechado para o semiaberto.

A decisão é do juiz substituto da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal, Valter André de Lima Bueno Araújo e atende ao pedido formulado pela defesa de Bernardino que é feita pela Defensoria Pública do DF. Segundo Maria Fernanda, os pais – Marco Antônio Del’Isola e Cristina Del’Isola, que hoje preside o Movimento Maria Cláudia – estão arrasados com a decisão da justiça. “Vamos lutar com todas as nossas forças para que esse criminoso fique atrás das grades porque, somente assim, ele não vai enlutar novas famílias”, afirmou.

O ex-caseiro da residência onde o crime ocorreu foi condenado a 65 anos de prisão em 2007, porque também recebeu pena por furto. Mas, assim como a comparsa e ex-empregada doméstica da casa, Adriana de Jesus Santos, ele conseguiu reduzir a pena para 52 anos. Pela regra, ele já tem direito ao benefício, porque, à época da morte de Maria Cláudia, a Lei de Execuções Penais previa que os presos com bom comportamento poderiam ganhar o benefício do regime semiaberto depois de cumprirem um sexto da pena: o que ocorreu em 2015.

Contra Bernardino, também há uma outra condenação de 58 anos e meio por tentativa de homicídio e estupro contra uma adolescente de 13 anos. O crime ocorreu em 2004, às margens do Lago Paranoá, meses antes da morte de Maria Cláudia.

Crime bárbaro

O crime, um dos mais bárbaros da história de Brasília, completou 12 anos em 9 de dezembro. Maria Claudia Del’ Isola foi assassinada em 9 de dezembro de 2004, em sua casa, no Lago Sul. O então caseiro da família, Bernardino do Espírito Santo, e sua namorada, a empregada doméstica da casa, Adriana de Jesus Santos, abordaram a jovem para forçá-la a contar a senha do cofre. Tinham a intenção de roubar R$ 1,7 mil. Eles a imobilizaram, a agrediram com um soco e depois Bernardino a estuprou. Por fim, a dupla a esfaqueou e acertou a cabeça dela com uma pá. Enterraram o corpo da vítima debaixo da escada principal da residência. Ele foi encontrado três dias depois, quando a família ainda acreditava que Maria Cláudia pudesse ter sido sequestrada.