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A crise da Uerj

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) — berço jurídico dos ministros do STF Luiz Fux e Luís Roberto Barroso e do ex-presidente da OAB-RJ, Wadih Damous — pede socorro: o atraso nos repasses do governo estadual já supera R$ 350 milhões, segundo o reitor Ruy Garcia Marques. Na segunda-feira (16), os servidores administrativos vão cruzar os braços. Na quarta-feira (18), é a vez de os professores se reunirem para debater sobre uma provável greve. O motivo: não recebem salários desde novembro. Numa penúria que se arrasta há meses, a instituição vê se distanciar cada vez mais a luz no fim do túnel. A volta às aulas, prevista para terça-feira (17), foi adiada para o dia 23.

— Não é apenas uma fase difícil. É a maior crise da história da Uerj. Funcionários estão sem salários, alunos, sem bolsa, e a universidade, sem manutenção básica — lamenta Ruy. Os efeitos da crise se evidenciam na Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Experimentos com ratos foram reduzidos em 50% por falta de ração; Laboratórios sofrem com problemas estruturais; eo microscópio Auriga, um dos mais avançados da América Latina, que custou R$ 1,5 milhão, está sem manutenção. — A gente vai assistindo ser tudo desestruturado — lamenta o nefrologista Walter Gouvêa, presidente da associação de ex-alunos da FCM.

Por falta de pagamento, o fornecimento de ração animal foi suspenso em julho de 2016. Com isso, os experimentos com ratos foram reduzidos em 50%. Desde novembro não há novos projetos. Cartazes com palavras de ordem foram espalhados por todos os andares e cantos dos prédios da Uerj. Também foram penduradas faixas na fachada e há até frases escritas a tinta nas paredes e escadas.

Com o fim do contrato com a empresa que recolhia o lixo, os sacos de descarte hospitalar se acumulam nos corredores da Faculdade de CIências Médicas, pondo em risco a saúde de alunos e professores.