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A ” Fera da Penha “

Após 16 horas de sessão, nos dias 4 e 5 de outubro de 1963, Neyde Maria Maia Lopes, mais conhecida como “Fera da Penha”, era condenada a 33 anos de prisão pelo juiz de direito Bandeira Stampa ( hoje nome de presídio em Bangu), presidente do II Tribunal do Júri, do Rio de Janeiro, pelo sequestro e homicídio triplamente qualificado deusa criança de 4 anos, Tânia Maria Coelho Araújo, conhecida como Taninha.

A criança era filha do motorista Antonio Couto Araújo, amante de Neyde, e de Nilza Coelho Araújo. O crime ganhou grande cobertura da mídia na época, comovendo toda a população.

Ao cumprir 15 anos de prisão a “Fera da Penha” teve a sua pena reduzida por meio de indulto de 33 para 21 anos. Foi solta em 9 de outubro de 1975 e, fora da cadeia, passou a viver em companhia dos pais, até o falecimento deles. Desde sua libertação até os dias atuais, tornou-se uma pessoa reclusa, vivendo em um apartamento modesto no bairro de Cascadura, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

A “Fera da Penha” nasceu no Rio de Janeiro em 2 de março de 1937. No final do ano de 1959 conheceu, nas viagens de trem que fazia diariamente na Central do Brasil, Antônio Couto Araújo. Durante seis meses mantiveram um caso amoroso. Ao final deste período, Antonio revelou que era casado e não poderia dar sequencia no namoro. Neyde não aceitou e acabou se aproximando da esposa do amante fingindo ser uma antiga colega de colégio, de nome Nilza, e da filha do casal Taninha. Após ganhar a confiança de Nilza.

No início da tarde de 30 de junho de 1960, Neyde se dirigiu ao Instituto Joemar, escola onde Tânia estudava. Lá se passando por Odete, conseguiu enganar funcionários e retirou Tânia do local, tendo circulado com a criança até o início da noite pelo bairro da Penha. Ao chegar ao Instituto, por volta das 14h, para levar a merenda de Tânia, Nilza descobriu que sua filha havia sido retirada por outra mulher. Imediatamente, comunica o sequestro à polícia. Por volta das 20h, Neyde leva Tânia a um galpão do Matadouro da Penha.

Munida de um revólver calibre 32, Neyde atira na criança à queima roupa. Tentando ocultar o cadáver, pois o local era habitado por urubus que carregavam as carcaças dos animais, Neyde incendeia o corpo de Tânia. Ao sair, foi vista por funcionários do matadouro que comunicaram o ocorrido à polícia.

Durante investigações sobre o sequestro de sua filha Tânia, Antônio confessa à polícia que manteve um relacionamento extraconjugal com Neyde durante seis meses. Imediatamente, ele foi detida pela polícia para averiguações. Pressionada, Neyde, a princípio, nega o crime diante das autoridades e da imprensa presentes.

Por volta das 23h, um funcionário do Matadouro da Penha passava com seu cavalo pelos arredores do local, quando subitamente o animal se assustou com uma fogueira. O funcionário descobriu o corpo carbonizado de Tânia no interior da fogueira. A notícia se espalhou rapidamente e, pouco tempo, a polícia chegou ao local. Confrontada pela polícia e pela imprensa com a notícia da descoberta do corpo, Neyde confessou o crime.

Detida no 24º distrito, bairro de Encantado, Neyde precisou ser transferida ao prédio da Polícia Central, por conta do risco de invasão da delegacia por parte de populares. Durante a transferência, cerca de 300 pessoas depredaram uma viatura de polícia, utilizada para despistar a viatura que conduzia a criminosa.

Taninha foi sepultada no cemitério de Inhaúma. Seu túmulo tornou-se ponto de peregrinação de fiéis de diferentes denominações religiosas, associando a menina como benfeitora de muitos milagres.

Os pais de Tânia permaneceram juntos após a tragédia. Nilza perdoou o marido e o casal teve mais 3 filhos.