Direito Global
Sem a toga

Um craque da imagem

Um dos grandes profissionais que conheci nessas mais de quatro décadas de jornalismo em Brasília foi o paranaense de Pato Branco, Evori Gralha. Considerado um dos melhores cinegrafistas da capital da República, Evori trabalhou no início de carreira na Tv Tupi, foi para a Tv Nacional (Radiobras) e logo depois para Tv Globo, onde permaneceu longos anos. Foi também o cinegrafista oficial do presidente José Sarney durante os cinco anos de mandato.

Atualmente, tem uma empresa de vídeo – a Gralha Vídeo – uma das mais procuradas por políticos, órgãos do Judiciário e do Legislativo em Brasília.

Evori saiu muito pequeno de Pato Branco para Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Ficou em solo gaúcho até os 13 anos quanto foi morar com um parente, que era militar, no Rio de Janeiro. Morou na rua Bento Lisboa, no Largo do Machado. Aos 16 anos, o parente foi transferido para Brasília e ele seguiu junto. Logo após chegar na cidade, fez um curso de Cinema em 16 e 35 MM na Faculdade UPIS com o professor de cinema Pedro Torre. Conseguiu logo um emprego em outubro de 1976 na Tv Brasília (Tv Tupi), canal 6, que funcionava no mesmo local onde hoje foi erguido o edifício Assis Chateaubriant, ao lado do Colégio Dom Bosco.

Na Tv Brasília, ainda muito jovem, passou a trabalhar com o brilhante fotógrafo Sergio Marques, do jornal O Globo mas que na época, ainda muito jovem, era laboratorista da emissora e nas horas vagas lutador de box. Tinha também o eterno Joaquim, cinegrafista e a editora Dayse Cisneiros, que logo depois casou e passou a usar Arraes no sobrenome, mulher do saudoso repórter Antonio Arraes. A sua qualidade profissional foi logo conhecida e foi contratado pela Tv Nacional. Em seguida foi para a Tv Globo e Presidência da República.

Na Radiobras, eu era da rádio Nacional e o Evori da Tv Nacional. Fizemos dezenas de viagens juntos acompanhando pelas nossas respectivas emissoras os Presidentes da República tanto no Brasil quanto no exterior. Rodamos o mundo. Temos, cada um, mais de cem coberturas fora do país. Evori tem mais viagem do que eu .

Quando assumi, a convite dos jornalistas Cláudio Humberto e Pedro Luis Rodrigues, a subsecretaria de imprensa do Palácio do Planalto tive duas oportunidades de voltar a trabalhar com o Evori. Primeiro, na segunda viagem do Papa Joao Paulo II ao Brasil. Fui designado por decreto do Presidente da República, em ato publicado no Diário Oficial da Uniao pelo Presidente da República, por sugestão do ministro das Relações Exteriores, Francisco Rezek, assessor de imprensa do Papa durante a sua permanência no Brasil. Tinha direito de escolher um cinegrafista e um fotógrafo para ficar ao lado (colado mesmo) do Papa durante toda a viagem. Nao tive dúvidas: escolhi o Evori e como fotógrafo Sérgio Lima, que trabalhava com o saudoso Ubirajara Dettmar na Presidência da República.

Anos depois fui convidado pelo ministro Sepúlveda Pertence para ocupar a assessoria de imprensa do STF durante o seu mandato como presidente. Levei o Evori. O Supremo adquiriu uma filmadora Betacam, a mais moderna na época e com isso o tribunal deu o primeiro passo para a criação da futura Tv Justiça, que hoje é indispensável na vida dos brasileiros.

O que posso dizer após mais de quarenta anos de jornalismo é que o Evori Gralha é um craque na imagem. Além de ser uma figura humana fantástica, tem caráter e muita lealdade.