Há mais de quarenta anos o menino Adilson Florêncio da Costa , de 13 anos, era salvo do ataque de ariranhas no zoológico de Brasilia. O herói que o salvou, sargento Silvio Delmar Hollenbach, foi atacado e morreu três dias depois. Hoje, Adilson tem 56 anos, já foi preso por corrupção na Postalis e agora será processado pela Justiça Federal por corrupção.
Adilson Florêncio da Costa tinha 13 anos quando, em agosto de 1977, caiu em um poço cheio de ariranhas no zoológico de Brasilia e foi salvo milagrosamente pelo sargento do Exército Sílvio Delmar Hollenbach, então com 33 anos. Após três dias de agonia no Hospital das Forças Armadas (HFA), o militar não resistiu às mais de 100 mordidas que levou das ariranhas do zoológico da cidade e morreu em 30 de agosto de 1977 no Hospital das Forças Armadas. Os animais o atacaram enquanto ele tentava salvar o menino Adilson Florêncio da Costa.
Enquanto a família Holenbach guarda o exemplo do ato de bravura, o destino do menino cuja vida se deve a Sílvio Delmar tomou um caminho triste. Adilson Florêncio da Costa, hoje com 56 anos, foi preso no ano passado pela Polícia Federal acusado de corrupção na Operação Recomeço. Ele responde por desvios no fundo de pensão Postalis, dos Correios, onde ele era diretor financeiro. Na semana passada a Justiça Federal aceitou denúncia de corrupção contra Adilson.
As falcatruas cometidas no Postalis ainda no segundo governo de Lula, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios, ainda estão longe de esgotar suas consequências penais. A Justiça Federal de Brasília aceitou semana passada a denúncia oferecida pelo MPF contra diversos ex-dirigentes, politicos e lobistas, num processo criminal que prevê reparação econômica, de R$ 779 milhões. Entre os quinze denunciados, estão Alex Predtechensky, ex-presidente do Postalis, Adilson Florêncio da Costa, ex-diretor financeiro, Zeca Oliveira, ex-presidente do BNY Mellon, Arthur Pinheiro Machado, o lobista Milton Lyra Filho, e o sumido Marcelo Sereno, ex-assessor do ex-chefe da Casa Civil da Presidência, José Dirceu. O juiz Marcus Vinícius Bastos já determinou um bloqueio de R$ 259,7 bilhões nos bens dos 15 denunciados.
No dia 27 de agosto de 1977, o sargento em passeio com a família no Jardim Zoológico de Brasília, presenciou o acidente da queda de um garoto de 13 anos no fosso das ariranhas e conseguiu salvá-lo de ataques pulando no fosso, porém foi mordido pelas ariranhas e devido a uma infecção morreu no hospital. Ariranhas geralmente são dóceis, raramente atacam humanos, biólogos do zoológico afirmam que elas sentiram que eles eram uma ameaça aos filhotes que acabara de ter, além de estarem em seu território.
Até hoje o caso das ariranhas é lembrado com tristeza pelos moradores de Brasilia. Várias homenagens foram prestadas ao nome de Silvio Hollenbach. Há ruas com seu nome em Santo André (SP), Cascavel (PR), Bertioga (SP), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Recife (PE) e em Blumenau (SC), sendo que nesta última cidade o logradouro tem o nome de Tenente Sílvio Delmar Hollenbach. Em Cerro Largo (RS), sua cidade natal, foi homenageado no município com o nome de uma Escola Estadual.
O auditório do Hospital das Forças Armadas (HFA) em Brasília recebe seu nome como homenagem póstuma. O Zoológico de Brasília também homenageou o Sgt Int Sílvio Delmar Hollenbach nomeando o Zoológico da cidade com nome do sargento-herói.
Dados biográficos
Nome: Sílvio Delmar Hollenbach; nascido a 31 de dezembro de 1943, em Cerro Largo, Rio Grande do Sul; filho de Otto Hollenbach; e Cecília Schneider Hollenbach; esposa: Eni Terezinha Martins Hollenbach; filhos: Sílvio Delmar Hollenbach Júnior, nascido em Porto Alegre, a 14 de maio de 1970; Paulo Henrique Hollenbach, nascido em Porto Alegre, a 8 de julho de 1971; Bárbara Cristina, nascida em Porto Alegre, a 3 de outubro de 1973; e Débora Cristina Hollenbach, nascida em Brasília, a 7 de julho de 1976.