O deputado Léo Moraes (do Paraná), coleta assinaturas para protocolar uma PEC que acaba com a reeleição para cargos no Poder Executivo. A mudança valeria a partir das eleições de 2026. O site direitoglobal.com.br vai ouvir opiniões dos mais variados setores da sociedade: José Roberto Lopes Padilha, o Zé Roberto, jornalista e ex-ponta-esquerda do Fluminense, Flamengo e Santa Cruz (PE):
“O mandato de um político deveria caber em um carro, doado pela população, a um motorista, com a missão de, durante quatro anos, conduzi-la por caminhos melhores e mais seguros.
O problema é que muitos motoristas se deliciam ao volante, se apaixonam pelo carro/cargo, e buscam permanecer em seu interior já não mais como missão. Como profissão.
Já de posse do conhecimento das marchas, poucas vezes vai à frente em um projeto social, e muitas vezes passa a marcha ré colocando parentes e amigos em confortáveis bancos.
Da máquina 1.0 16 válvulas que lhe foi concedida temporariamente, passa a usar a poderosa máquina administrativa a seu favor quantos mandatos puder alcançar. Empossando pessoas partidárias no lugar de prestigiar concursados, que já fazem parte e conhecem suas funções, para não tirar as mãos do volante. E se reeleger.
Quatro anos parece pouco, mas na política é muito. Tempo suficiente para cuidar dos outros e pensar menos em si mesmo e nos seus que tem sido obrigado a carregar para dentro do serviço público.
Porque depois que amigos e parentes vão se ajeitando nos bancos do Saaetri, afilhados políticos encaixados na Codetri, apoiadores de palanque se mostram invisíveis até sair o pagamento numa repartição de multas e penalizações. Nesse dia aparecem de corpo inteiro.
Quando você dá por si, já compraram, sem licitação, uma Van. Porque Roberto Freire ficou vinte anos como Deputado Federal por Pernambuco e mais quatro anos por São Paulo. No começo, só lhe confiaram um carro de boi. Veio a charrete, a Kombi, compraram um micro-ônibus e depois só um Jumbo da Pan Am para abrigar os que amparava mandato afora.
Roberto Freire, como tantos, se tornou um profissional da política. Por mais puro que entre, vai ter que se sujeitar a seguir a estrada pavimentada pelas decisões das suas lideranças partidárias. Muitas delas na contra mão dos anseios do reduto eleitoral que lhe concedeu a carteira de motorista.
E eles, os reeleitos, nunca mais encontram o caminho em que o seu povo lhe confiou um dia para alcançar dignidade. E justiça social.
Se perdem pela própria ambição.”