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Descanse em paz, Dr George

Da advogada brasiliense Daniela Peón Tamanini ao comentar a morte, na última terça-feira, do desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, George Lopes Leite:

“Despedidas nunca são fáceis… ter que dizer adeus a um ser de luz como o Dr. George Lopes Leite é ainda mais difícil. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que me recebeu em seu gabinete para tratar de um caso polêmico, mas que definiria a vida de uma jovem adolescente que necessitava do cultivo da cannabis para uso medicinal. Após ler rapidamente a peça e me ouvir por alguns minutos, com um sorriso lindo estampado no rosto, Dr. George me indagou: “menina, vc fez isso sozinha? É doida!”. Rimos muito. Diferentemente do que havíamos encontrado até então, Dr. George aceitou ouvir a mãe da Julia, Neila Sousa, que passou a narrar o martírio que enfrentava ao tentar adquirir o único remédio que trouxe qualidade de vida a sua filha. Choramos juntos. Bem humorado como sempre, Dr. George fez questão de esclarecer que não estava chorando, apenas havia sido acometido por um súbito resfriado. Antes de formar seu convencimento, como um grande julgador, fez questão de ir até a residência da família, acompanhado do médico do tribunal, analisar in loco a plantação e conhecer a Julia… Um homem à frente do tempo. Um coração que não cabia no peito. Um juiz justo e atento. Um Desembargador, despido de preconceitos, que não mediu esforços para efetivar a Justiça. Esse era o Dr. George, nosso herói de toga!! O senhor mudou o rumo da minha vida profissional, me fez acreditar que valia a pena enfrentar o mundo por algo que acreditamos e mais do que isso, que devemos sempre lutar pelos nossos direitos. Pena não termos conseguimos concretizar em tempo o que o senhor sempre nos incentivou, mas o faremos em sua homenagem. A Associação Família Cultiva sairá do papel e o senhor será pra sempre lembrado com muito respeito e carinho! Lutou o bom combate, venceu e agora poderá descansar em paz. Saudade e admiração eternas. – trecho extraído do filme Salvo Conduto, da Diretora Brasiliense Fernanda Carvalho”